San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Thursday, July 14, 2005

Na Pequena Vila de Page...

Page é uma pequena vila com cerca de 50 anos, que deverá ter sido construída como apoio à construção e posterior manutenção da barragem que ali existe, partilhando agora essa actividade com a exploração do turismo. Ali em volta existem vários pontos de interesse, como o Lake Powel, Grand Canyon a Sul, Monumental Valley a Este, Antelope Canyon a Este também, entre outras pequenas maravilhas. Dali partem diversas excursões e visitas guiadas, e os turistas eram abundantes naquela pequena vila.
Uma vez em Page, voltamos a reunir o grupo todo, e fomos beber umas cervejas ao tasco da vila, que o obeso da recepção do hotel insistia não existir. O bar era um típico café de vila do interior. Toda a gente se conhecia, tinha uns matrecos, bilhar, e cá fora um karaoke improvisado numa engenharia técnica do nerd da vila fazia o furor dos presentes. Lembro-me de pensar que era o local perfeito para armar uma zaragata, pois muitas vezes nestas vilas não gostam muito de estranhos, um pouco como acontece no nosso interior em Portugal. E por falar nisso, todo aquele cenário me estava a fazer lembrar uma qualquer vila em trás os montes, com aquele calor, aquele bar, enfim… De qualquer maneira não deixava de ter piada revirar o tasco do avesso, e partir umas cadeiras numas costas por entre um gole de cerveja, à boa maneira do Far West. Não fui o único com essa sensação. Mas não aconteceu, e limitamo-nos a relaxar de um dia intenso com uma cerveja fresquinha. Ainda fomos abordados por um local muito espirituoso com bastante sentido de humor que engraçou com o Fred. Juntos cantaram à capela uma enigmática música, enquanto o Fred era comparado a um qualquer Billy Joe Mcallister. Mas a surpresa da noite estava para vir. Sentamo-nos numa mesa cá fora, nove portugueses a fazer barulho, e não demorou a sermos abordados.

- Hi! I was talking with my friends and I couldn’t help listening the word Lisbon around here!
- Yeah! That’s right!
- Well! I thought so! I was wondering if somebody in this group is Portuguese…
- Somos todos portugueses!!!!!
- Well… eu sou de Lisboa…

Mais um momento lusitano. No meio do deserto do Arizona encontramos um português! Incrível como o nosso pequeno canto estende os seus tentáculos por todo o mundo! Agora, se é incrível como nós vamos encontrar um português no meio do Arizona, imaginem para ele o que foi encontrar nove! A verdade é que ele se juntou ao grupo com os seus amigos, e não mais parou de falar. Ele é astrofísico e encontra-se a acabar o doutoramento na Califórnia, em Davies, e neste momento está no mais poderoso telescópio do mundo no Deserto de Mojave na Califórnia em trabalho, à procura de matéria escura, whatever that means! Fiquei impressionado pelo Fred não lhe ter dito que se quisesse encontrar matéria escura, fosse a Washington DC, ao bairro onde ele mora.
Mas já que estamos em coincidências, vamos a outra. O grupo do outro carro foi mandado parar pela polícia por excesso de velocidade quando se dirigia para Page. O agente da autoridade procedeu ás normais diligências, pedindo os documentos, e ao ver a carta cor de rosa e o passaporte:

- You are Portuguese?
- Yes we are.
- Hummm! I lived in Lisbon for some time!
- Ohh! We are from Lisbon!

E dali se encetou uma pequena conversa, que por certo amansou o duro coração deste Ranger do Arizona, já que lhes foi emitido apenas um “warning”, em vez da esperada multa.

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