O programa do dia seguinte era simples. Primeiro, e muito importante, arranjar um outro hotel, porque pagar outra vez o que pagámos naquele hotel não estava nas nossas cogitações mais negativas. Depois pensamos em dar uma pequena volta por Santa Mónica, e ir até L.A., mais propriamente a Beverly Hills e West Hollywood. Se desse tempo, ainda queríamos fazer uma praia ao fim da tarde. O hotel não foi difícil. Fomos à mesma zona onde tínhamos ido no dia anterior, e à segunda encontramos uma pechincha que não nos queríamos acreditar. Tal foi que perguntamos 3 vezes à mulher o preço, até ela ficar um pouco irritada. 80 dólares para os três! Baratíssimo! O Seaside Motel era ás portas da praia, bem no centro de Santa Mónica, e cheio de jardins interiores que lhe davam um ambiente muito acolhedor. Todo o design do hotel era muito anos 50 e 60, o que lhe dava uma certa pinta. Demos uma volta pelo centro de Santa Mónica para tomar o pequeno almoço, e decidimo-nos então a ir a Hollywood e Los Angeles.
Guiados pelo mapa viramos na Santa Mónica Boulevard, que se inicia bem junto ao mar, que se prolonga até aos confins de LA, umas 10 ou 15 milhas mais para leste, e onde começa a mítica Route 66. Pelo caminho vislumbra-se uma cidade incaracterística. Uns edifícios baixos bem ao jeito da Califórnia, outros nem tanto, gente de todas as cores, tamanhos e feitios, pequeno comércio e algum movimento. Depois de passarmos por baixo da I-405, vemos as primeiras torres em Century City, uma zona com bastantes prédios, e que antecede Beverly Hills para quem vem de oeste. Mais à frente a cidade começa a ficar mais cuidada, com mais árvores, casas mais bonitas, e logo ali à frente vemos algo que denuncia a zona em que começamos a entrar: o conhecido hotel Beverly Hilton. Estávamos a entrar em Beverly Hills. Do lado esquerdo de Santa Mónica Boulevard estendem-se ruas imensas com casas enormes, cheias de relvados e árvores, pequenos palácios, umas mais antigas e outras mais modernas, e a interrompê-las, ruas emolduradas de palmeiras. Uma bela zona residencial. Uma das primeiras coisas que me veio à cabeça foi o filme “Beverly Hills Cop” com o Eddy Murphy, e aquela música emblemática com um sintetizador vibrante e piroso. Do lado direito vemos ruas mais citadinas, com lojas, algum movimento, restaurantes, com edifícios clássicos da primeira metade do século. Uma dessas ruas é a famosa Rodeo Drive, com as suas boutiques de alta-costura, designers famosos, ourives, e outro tipo de lojas onde se pode gastar muito dinheiro. Demos uma pequena volta de turista pela rua, e retomamos a Santa Mónica Boulevard em direcção a Hollywood e Los Angeles. Umas milhas mais à frente começamos a entrar na zona de West Hollywood. Viramos então à esquerda para apanhar uns quarteirões mais à frente a famosa avenida paralela, a Sunset Boulevard, ou Sunset Strip como muitos gostam de lhe chamar. A Susana bem procurava os locais de interesse no guia da Califórnia, mas a verdade é que Hollywood e Los Angeles é um local bem menos interessante do que possam à partida pensar. Hollyood é despido de glamour, vazio de brilho, ausente de alma. Lojas de artigos em segunda mão, tascos mexicanos, clubes de vídeo manhosos, ruas sujas e pouco cuidadas, e uma próspera comunidade de sem abrigo. Vimos um ou dois edifícios de que falava o guia, como um conhecido teatro, e resolvemos virar mais à esquerda para a apanhar a outra avenida paralela famosa, a Hollywood Boulevard. Voltamos então para trás por essa avenida, e umas milhas adiante começámos a ver o célebre passeio da fama. Outra banha da cobra. Um passeio sujo, e em algumas partes degradado, onde as estrelas com os nomes de artistas jazem ao relento sem qualquer glória. A Susana, que tinha sido a maior entusiasta de uma ida a Hollywood e a Los Angeles, era a desilusão em pessoa. Eu tinha avisado do perigo de decepção, mas mesmo eu esperava melhor. Parámos então o carro para dar uma volta onde podemos caminhar por alguns quarteirões. Mais umas compras, sapatilhas e afins. Um pouco por acaso, encontrei ao abandono a estrela do Jimi Hendrix à qual tive que tirar uma foto. Outra decepção são as famosas letras no monte que se eleva ao largo de Hollywood. São bem mais pequenas do que se imagina, e é preciso ginástica para as ver das ruas da cidade, já que não se vêem de quase lado nenhum. Voltamos ao carro e continuamos pela Hollywood Boulevard para oeste, e poucos quarteirões à frente vimos então a parte mais cuidada de Hollywood, onde temos o clássico e famoso Chinese Theatre, e o recente Kodak Theatre onde é feita a entrega dos Óscares. Em frente, um outro teatro antigo bastante interessante, e em volta imensas lojas de recordações. Nos passeios uma imensidão de turistas, e na zona do Kodak Theater e do Chinese Theater uma trupe de sósias de gente famosa tenta dar ambiente estrelar ao passeio da fama. Ali será a única zona onde o passeio da fama tem alguma dignidade. O Kodak Theater, onde decorrem os Óscares, é enfiado dentro de um mega centro comercial, coisa de que nunca me tinha apercebido na televisão. Realmente uma boa realização faz milagres. A entrada para o teatro é feita por entre lojas de donnuts, boutiques e escadas rolantes.
Desfeita a curiosidade, voltamos a Santa Mónica para aproveitar o resto da tarde. Fomos para o passeio marítimo junto à praia e caminhamos junto a Muscle Beach, a febre do fitness na areia. No extenso areal inúmeros equipamentos em ferro formam uma espécie de ginásio na praia, com cordas para trepar, argolas, barras paralelas, ferros para fazer elevações, e muitos outros artefactos. Comemos qualquer coisa e fomos para a praia dar um mergulho. Na praia, estendemos a toalha mesmo em frente a uma torre de salva vidas, e a Susana não saiu de lá sem ir tirar uma foto com o “Mitch” de serviço. Demos ainda uma volta pelo pontão de Santa Mónica onde existe um pequeno parque temático para crianças, alguns restaurantes, pequenos bares, e alguns artistas de rua. Debruçados para norte, vemos ao fundo os montes onde se estende Malibu, outra conhecida localidade junto à praia dos arredores de Los Angeles. Cansados, voltamos ao quarto para terminar a tarde e relaxar. O serão nocturno foi semelhante ao anterior, com a nuance de um jantar num restaurante indiano, e com o cansaço de novo a sobrepor-se á fome de festa.
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