San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Sunday, October 30, 2005

De Santa Mónica a Venice Beach

Para o dia seguinte tínhamos planeado ir a Venice Beach de bicicleta. Tomamos um belo pequeno-almoço junto ao nosso hotel e fomos então dar uma volta pela praia onde um calçadão enorme liga Santa Mónica a Venice Beach umas milhas para sul, e continua não sei bem para onde. Paralelo ao passeio junto ás casas, lojas e cafés, serpenteia-se pelo meio do areal uma outra calçada destinada aos ciclistas, patinadores, e demais elementos rolantes. O areal é enorme, e o Pacífico vê-se bem lá ao fundo. Alugamos bicicletas junto ao pontão e fizemo-nos ao caminho. À medida que andamos para sul vamo-nos deparando com os mais variados veículos rolantes, e mais perto de Venice Beach encontramos imensos mercados de rua, artistas e artolas, e lojas de recordações. Pelo meio existem campos de basquetebol, e campos de uma espécie de squash que se joga com as mãos. Nunca tinha percebido muito bem o alcance do nome Venice Beach, mas quando nos aventuramos pelo meio da pacata vila percebemos melhor. Uma espécie de ria forma uns canais pelo meio da cidade onde nasceram casas e casarões, formando uma zona realmente aprazível para se viver. Uma espécie de Veneza solarenga e descontraída. À porta de várias casas, a flutuar nos canais, estão canoas e pequenos barcos que os residentes usam para se deslocarem ou apenas para se exercitarem um pouco, ou não estivéssemos na Califórnia. É verdadeiramente um pequeno paraíso na imensa selva de Los Angeles. Na volta para Santa Mónica parámos numa zona onde existem várias lojas, e onde mercadores de rua e artistas diversos lutam por um bocado de atenção das inúmeras pessoas que por ali se passeiam. Por ali vê-se das pessoas mais estranhas, personagens excêntricas que fazem parte desta imensa urbe. Lembro-me por exemplo de um homem com um turbante e umas barbas semi louras, que patina alegremente com uma espécie de suspensórios e uma guitarra nos braços a tocar solos intermináveis que são debitados pelo amplificador que ele traz pendurado em si. Ou um rasta jamaicano de skate, com um rádio enorme a tocar rocksteady e a deixar um rastro de animação por onde passa. E como estes há muitos. É esta a piada de Los Angeles. É uma terra de freaks! É o contraste entre a alegre fantasia e a fria realidade. Há imensa gente desesperada por dar nas vistas, procurando talvez os seus 15 minutos de fama. Los Angeles é mesmo como é pintada em muitos filmes mais negros: fria, selvática, diversa, caótica, violenta, pelo menos visualmente. Não será por acaso que é escolhida como palco de muitos filmes onde a violência e as personagens estranhas abundam. Estou a lembrar-me de alguns filmes que vi ultimamente, como o “Colateral” ou o “Constantin”, ou o mais antigo e futurista com o nome sugestivo “Fuga de Los Angeles”. Nunca haveria um filme Fuga de San Diego, acreditem no que vos digo. Também é um pouco do que é pintado noutras vezes: quente, sensual, descontraída. As praias, as meninas roliças, o jogging, o sol. Mas isso é a imagem de quase toda a costa da Califórnia. Nenhum outro sítio que visitei é como Los Angeles. Acredito que vivendo em Los Angeles, se consiga descobrir a sua essência e a sua beleza. Mas para mim o seu interesse está no seu bizarro, nas pessoas, na sua estranha diversidade, na ilusão e artificialidade.

Depois do passeio de bicicleta fomos para a praia descansar e renovar a cor de pele, enquanto pensávamos o que fazer a seguir. Decidimos então dar uma espreitadela a Malibu antes de voltar a San Diego. Apanhamos a 101 de novo, que passa em Santa Mónica bem junto à praia, e seguimos para norte. A cerca de 10 ou 15 milhas chegamos a Malibu. Não deu para perceber muito bem a vila, mas pareceu-me que o mais importante está pousado na encosta do monte que cai sobre o mar: as inúmeras casas e moradias luxuosas que pertencem a gente rica e famosa, como alguns conhecidos actores. Porque o resto de Malibu é a Highway 101 e alguns restaurantes e à borda da estrada. Foi pelo menos aquilo que vi, já que algum cansaço e o imenso trânsito de feriado nos empurraram para trás de volta a San Diego. Fizemo-nos à estrada, rumo a sul e ao conforto do lar. Foram 3 dias muito bem passados, e que abriram a estadia das meninas Susana e Sofia na Califórnia com chave de ouro.

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