San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Thursday, March 30, 2006

Haight Ashbury - Um Bairro Histórico

Chegados a casa, o João esperava-nos já sentado nas escadas do seu prédio. Ficamos um pouco por casa a descansar e a contar as peripécias do dia, e em seguida metemo-nos num táxi que nos levou até Haight & Ashbury, o mítico bairro hippy de San Francisco. Mal entramos no bairro podemos notar que se respirava uma atmosfera diferente. As casas coloridas, os cartazes psicadélicos com um grafismo muito próprio do final dos anos 60 americanos, cheios de cor e formas sinuosas, lojas de roupa e música muito particulares. Era um mundo à parte. Conseguimos muito bem imaginar o ambiente que se viveria por ali há 30 anos atrás neste bairro pitoresco onde vivia por exemplo Janis Joplin. Nas paredes vêm-se pinturas de parede, cartazes, anúncios de concertos e iniciativas culturais, em algumas árvores pequenos cartazes anunciam a estreia de mais umas bandas que perseguem o seu quinhão de fama, e sentados no chão alguns neo hippys recriam um estilo de vida que fez furor outrora. Mal entramos no bairro vimos o cruzamento que lhe dá nome: o cruzamento da Haight Street com a Ashbury Street. Seguindo pela Haight Street temos a rua principal do bairro, com todo o manancial de lojas, bares e pubs psicadélicos que caracterizam aquela zona da cidade. Ao percorrer a mítica rua podemos vislumbrar um pouco da magia de Haight Ashbury, entrando em algumas lojas, parando para uma cerveja num pub, e observando as pessoas, as ruas, as paredes, os pedaços de arte que estão espalhados pelas ruas e pelos prédios. No fim da rua fomos encontrar uma mítica loja de discos, a Amoeba Music Store, uma mega loja de discos, bem anterior às Fnacs e ás grandes superfícies culturais, onde os novos valores da cena musical dividem as prateleiras com as velhas glórias e os nomes míticos da história da música. A secção de DVDs também impressiona pelo tamanho e pela oferta. Ali podemos também comprar cartazes de concertos míticos, cartazes que valem pela imortalidade dos espectáculos e dos artistas, mas também pelo grafismo e design dos mesmos. Autênticas obras de arte psicadélicas. Depois de estes três melómanos se deliciarem com esta loja, estava na hora de partir para outras paragens.

Fomos então apanhar um autocarro para outra zona da cidade onde iríamos jantar no Fritz, um simpático bar belga onde o João costuma ir que servia uns crepes e umas sandes óptimas. O jantar soube pela vida depois de um dia que teve tanto de estafante como de fascinante. Mas a noite ainda agora começava, e atravessamos então a rua para um bar também conhecido do João onde estivemos a beber umas cervejas e a jogar dardos, a relaxar enfim da tarefa turística que nos levou a caminhar quilómetros. Recolhendo uns flyers de bares e olhando para uma revista onde a oferta nocturna é dissecada, escolhemos alguns destinos onde parecia haver festa. Essa escolha levou-nos então a fazer mais uma enxurrada de quarteirões a pé até a zona latina de San Francisco, conhecida como a Mission. Acabamos por não encontrar o que procurávamos, e ficamo-nos pelo apalpar do ritmo da zona. Paramos num pub bem agreste ao bom estilo do “far west” para afogar o cansaço em mais uma cerveja, e decidimo-nos a rumar para Downtown, o centro da cidade, onde a revista apontava mais alguns destinos de festa. Mas, era terça-feira, as expectativas não eram muitas. Ainda assim encontramos uns bares mais animados e mais sofisticados, e podemos acabar a noite no meio de alguma diversão. Num bar de nome eslavo relativo ao seu néctar divino, a vodka, ainda encontrei a preciosidade que conheci na Polónia, a magnífica vodka polaca ancestral e aromatizada Zubrówka. E a noite acabou num bar de ritmos mais urbanos, com o hip hop a ditar regras como não podia deixar de ser nos EUA. No meio da azáfama nocturna perdi o cartão de débito, que fui resgatar com alguma sorte ao bar das vodkas já fechado. Enfim, alguma aventura para acabar a noite. Mas o pior estava para vir. Contra as minhas recomendações para que apanhássemos um táxi para casa, o João conseguiu convencer-nos a ir a pé. Que terror! Depois de andar quilómetros o dia todo, o João arrastou-nos ás 2 ou 3 da manhã pelas ruas mais inclinadas de San Francisco, algumas com escadas numa tentativa de minorar o impacto da inclinação. A casa dele fica num dos pontos mais altos da cidade, e é sem dúvida relativamente perto de Downtown, e sublinho o relativamente. Digamos que é mais perto na ida do que na volta, pois subir 4 ou 5 quarteirões naquelas condições é desumano e equivale a uma maratona. Mas lá chegamos ao cimo da colina e descansamos sentados num muro de onde se tem uma vista maravilhosa da cidade, onde podemos ver as torres iluminadas de Downtown, a baía, e a Bay Bridge salpicada de pequenas luzes a ilumina-la. Recuperado o fôlego e tiradas as últimas fotografias do dia, rumamos a casa para o descanso merecido.

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