De Mammoth Até Ao Milenar Mono Lake
Desta vez sim, conseguimos seguir o plano. Estourados pela viagem e pela maldita Las Vegas, deitamo-nos cedo e acordamos à 6 da manhã, a hora marcada. Pela primeira vez tive mesmo frio na Califórnia. Um frio montanhoso que me obrigou a usar a camisola de emergência que metera na mochila, e mais tarde a trocar os calções por umas calças à socapa numa bomba de gasolina. Antes das 8 já estávamos de volta à estrada. Seguimos a US-395 para norte, onde fomos acompanhando a cadeia montanhosa que se ergue a oeste. Do nosso lado esquerdo, a leste, um imenso lago pinta a paisagem de azul e dá vida à agrura da rocha despida dos montes em volta. Mais à frente, uma hora depois, resolvemos sair da US-395, e tomamos a estrada que nos levaria a Mammoth Lakes. Um pequeno desvio até uma típica vila de montanha, com algumas casas a fazerem lembrar o norte e leste da Europa, e por vezes a remeterem-me para as minhas memórias da Polónia e das suas vilas pacatas nas montanhas. Vagueamos de carro pela vila, e seguimos mais um pouco até à estância de ski e snowboard de Mammoth Mountain, uma das melhores dos EUA e do mundo. Estava muito frio para um dia solarengo de Setembro, mas como é lógico, neve nem vê-la. Limitamo-nos a imaginar como aquilo seria num movimentado dia de Dezembro, de chá quente na mão a olhar para os picos brancos. A loja de snowboard estava aberta, e disseram-nos que no ano anterior já tinham neve a meio de Outubro, mas que a altura normal da abertura das pistas era o meio de Novembro. A zona é muito bonita, desde o imenso vale por onde corre a US-395, até as montanhas pejadas de pinheiros e casinhas de madeira. Deve ser uma zona ainda mais bonita no Inverno, com o branco da neve a pintar a paisagen e a reflectir nos lagos. Fiquei com muita vontade de lá voltar. Na loja de snowboard da estância aconselharam-nos a visita a um lago que parecia deslumbrante nos postais que víamos, e que acabava por ficar a caminho. Voltamos então para a US-395 e seguimos ainda mais para norte. Poucas milhas antes de termos o desvio para a CA-120 que nos levaria ao Yosemite National Park, fizemos um pequeno desvio para podermos apreciar o tal lago: o Mono Lake. Foi uma paragem que não estava programada, mas que valeu bem a pena. O Mono Lake é um lago milenar ultra salino e ultra alcalino com umas estranhas formações rochosas. A lavagem das águas que descem das montanhas até ao lago arrasta imensos sais, e a sua evaporação cristaliza os sais e foi formando as estátuas de carbonato de cálcio que vemos hoje. Perto do lago parece que estamos à beira mar, com um cheiro em tudo idêntico e as inúmeras gaivotas que ali vagueiam a comporem o cenário. Mas o mar está a cerca de 400 km a oeste. A paisagem é belíssima, e a calma e tranquilidade que se vive ali é aterradora. Um dos locais mais bonitos em que já estive. Mais uma vez imaginei aquilo com neve, também ajudado pelos postais que vira em Mammoth, e voltei a ficar com vontade de lá voltar. Mas o tempo escapava-se em cada paragem que fazíamos, e apesar dos sítios belíssimos em que parávamos, a excursão teria que seguir, já que ainda tínhamos que ver Yosemite e ir dormir a San Francisco. Ambicioso!
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