San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Friday, August 18, 2006

West Hollywood - Estrelas Sem Brilho

Depois de almoçarmos em Santa Mónica seguimos para o centro de L.A., tomando a Santa Mónica Boulevard, uma avenida com uns 15 ou 20 km que atravessa L.A. transversalmente, da costa até o seu coração, e onde a gigantesca Route 66 tem o seu parto para crescer até Chicago do outro lado dos EUA. Pelo caminho passámos por diferentes zonas da cidade, incaracterísticas e sem grande interesse, até que chegamos à luxuosa Beverly Hills onde podemos ver os míticos Beverly Hilton e Beverly Hills Hotel, a Rodeo Drive, e as imensas mansões rodeadas de árvores e vegetação. Esta é uma zona agradável, verde e ordenada, com casas bonitas e bem desenhadas, e uma abundância onde a fronteira entre o luxo e a futilidade raramente é perceptível. Seguindo mais para o centro chegámos a West Hollywood, a zona mais conhecida de L.A., com todas as suas referências cinematográficas bem capitaneadas pelas altivas letras encavalitadas no monte que se ergue a norte. Hollywood está longe do glamour que se lhe imagina. As artérias principais, Santa Mónica Boulevard e Hollywood Boulevard, são avenidas sem grande interesse, onde se vão descobrindo alguns teatros históricos ou antigas editoras musicais por entre centenas de sucursais de Taco Bell, Jack in the Box ou Starbucks. Os estúdios cinematográficos estão mais escondidos no meio de quarteirões mais periféricos a estas duas avenidas. Onde se recupera algum desse brilho é nas imediações do Kodak Theater em Hollywood Boulevard, numa extensão de 3 ou 4 quarteirões. Aí os passeios são mais limpos e cuidados, o Hall of Fame está bem conservado, há imensas lojas de roupa e de souvenirs, e um movimento digno de uma cidade. Já era algo tarde e ainda tínhamos que ir para Santa Bárbara, por isso tentamos gastar pouco tempo por ali. Fizemos um tour de carro pelas principais zonas da cidade e estacionámos o carro num parque mesmo ao lado do Kodak Theater para dar uma volta pela zona. Logo ao sair do parque de estacionamento temos o mítico Chinese Theater, o antigo teatro de Hollywood. Aos pés deste bonito teatro vemos registos em baixo relevo gravados nas lajes de cimento a imortalizar nomes como Shirley Temple, Liz Taylor, ou os mais recentes Eddie Murphy e Tom Cruise. Ao lado nasceu o grande complexo comercial que alberga o Kodak Theater. Mas mesmo a entrada deste teatro está longe da solenidade de uma entrega de Óscares. Para entrar no teatro temos que entrar no centro comercial, num corredor com lojas de roupa e de doughnuts que nunca associamos a uma passadeira vermelha rumo à fama. Depois de nos passearmos pela zona e de nos cruzarmos com inúmeros sósias de figuras como Elvis ou o tenebroso boneco Chuckie, regressámos ao carro para fazer o caminho rumo a Santa Bárbara. Era já fim de tarde, e a luz começava a fugir. Foi pena, pois o caminho prometia.
Depois de tomarmos a 10 para norte, fomos entrar na mítica Highway 101 que se debruça sobre o Pacífico e que tem uma paisagem especialmente bonita a norte de L.A., ladeada por montes, escarpas e o imenso oceano. Mas foi algo que nunca podemos testemunhar. Naquela escuridão galopante que se foi instalando ainda podemos vislumbrar aquela aura amarela rósea que delimita o mar do horizonte, a indicar que o sol se tinha posto á pouco tempo, e ainda deu para imaginar como seria aquela paisagem banhada pelo sol. Mas isso foi o máximo que alcançamos e, resignados, fomos rumando a norte até Santa Bárbara onde chegamos já ao início da noite.
Com a minha descontracção do costume rumei a Santa Bárbara sem hotel marcado. Tentei marcar um dos únicos que encontrei na net uns dias antes, mas já não tinham quartos, talvez por ser barato. Chegar a um sítio turístico à beira mar como Santa Bárbara sem hotel marcado a um sábado é arriscado, e ainda para mais ás das 8 da noite. À chegada, num assomo de optimismo, dirigimo-nos para a zona da praia, junto ao pontão. Ali encontramos diversos hotéis, mas muitos com um ar demasiado generoso para as nossas ambições, e quanto mais não fosse, todos lotados. Seguimos então em direcção ao centro da cidade para procurar hotel, e fomos dar à rua principal de Santa Bárbara, State Street. Esta rua, que atravessa toda a cidade, alonga-se desde a magnífica baía de Santa Bárbara até à parte mais alta e periférica da cidade. Ao cruzá-la vimos inúmeros bares e restaurantes, música diversa na rua, gente a desfrutar de mais uma noite de sábado, e imensas lojas, a maior parte já fechada. Vimos tudo isso, menos hotéis. Optamos por seguir na State Street, e passados alguns quarteirões animados começamos a sair do centro da cidade, mas apenas umas milhas mais á frente, quando já desesperávamos, vimos um hotel. Nem foi preciso entrar, pois nos EUA grande parte dos hotéis exibe um sinal luminoso vermelho a dizer “no vacancy” quando já não sobram quartos para turistas descuidados, e ele lá estava irritantemente reluzente. Mas a partir dali começaram a aparecer motéis pela rua e a esperança renovou-se, apesar da presença repetida do sinalzinho luminoso nos começar a convencer que não íamos ficar em Santa Bárbara a dormir. Foi precisa uma boa dezena de milhas para encontrar um hotel com um quarto. Era um bocado acima do orçamento, mas o hotel era bom, e atrás de nós já estava um tipo á espera pronto a ficar com o nosso quarto caso desistíssemos. Não hesitamos. Levamos as coisas para o quarto e fomos jantar à cidade. Santa Bárbara estava animada, com imensos jovens a encher os bares e restaurantes. Santa Bárbara é uma cidade pequena, mas que conta com uma universidade que lhe dá uma vida mais vibrante, pelo menos ao sábado à noite. Mas nós, com o cansaço de um dia de viagem e turismo, já mal nos aguentamos depois do jantar, que terminou pela meia-noite, e recolhemos então ao nosso bem dito hotel.

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