San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Saturday, August 19, 2006

Santa Mónica e Venice Beach

O dia seguinte começou cedo com um magnífico pequeno-almoço numa pequena casa de pequenos-almoços bem perto do hotel. Havia espera para a mesa pelo que fomos lendo as notícias no LA Times enquanto os odores vários nos iam torturando a paciência e estimulando ainda mais o apetite. Este pequeno-almoço avantajado, consistente, num misto do chamado pequeno almoço inglês com um toque bem americano como o "maple syrup" e as panquecas de laranja, os toques italianos do manjericão e dos oregãos nos pratos, e as inevitáveis influências mexicanas como o chili dos ovos mexidos, deu-nos energias para um dia bem preenchido. O passo seguinte foi queimar toda aquela energia potencial ingerida num passeio de bicicleta de Santa Mónica a Venice Beach pela praia, experiência repetida para mim mas que me deu bastante gozo. Ao longo daqueles quilómetros em que percorremos o tapete sinuoso de cimento que se estende pela praia vamos absorvendo diversas experiências. Ora somos ultrapassados por um quarentão montado nos seus patins em linha e equipado a rigor, como se cruza connosco um skater das correntes mais radicais de Venice Beach, ou um par de velhotes se passeia numa espécie de triciclo de competição, umas bicicletas de três rodas em que se pedala numa posição mais próxima do deitado rente ao chão. No passeio junto ás casas também não faltam motivos de distracção, como os diversos artistas de rua que se acotovelam por 5 minutos de atenção à medida que nos vamos aproximando de Venice, os grafitis nas casas e prédios, a música, os campos de street basket ou o parque de betão e palmeiras onde os mestres do BMX e do skate vão treinando os seus números e acrobacias. Chegados a Venice flectimos para dentro da vila balnear para vermos a zona que dá nome à famosa povoação. Pelo meio dos canais de Venice Beach parámos para admirar as imensas vivendas pousadas na água pachorrenta e sentir a calma que ali se vive. Os pequenos barcos parados ás portas das casas dão a ideia de estarmos perante um remota comunidade lacustre que ali se instalou para fugir ao reboliço que os turistas e veraneantes trazem a Venice, e sentindo aquela tranquilidade nem nos apercebemos que estamos nos arredores da imensa Los Angeles. Depois de desfrutarmos do nosso momento zen, absortos da confusão da grande L.A., pegámos nas bicicletas para fazer o caminho de regresso. Mas o dia, que nos corria tão bem, reservou-nos uma surpresa em Venice. Enquanto nos regalávamos com a paisagem, com o silêncio redentor, e engrossávamos os megabites de fotografias nos nossos cartões de memória, o meu pneu da frente esvaziava discretamente, numa cadência leve de sussurro até o profundo vazio. Como fazer os quilómetros que separam Venice de Santa Mónica em acrobacia na roda de trás estava fora de questão por uma série de imperativos técnicos, a solução foi caminhar com a bicicleta pela mão na direcção a Santa Mónica. Junto à praia, nos diversos postos de aluguer de bicicletas, percebi que aluguei a bicicleta no único posto que não tem sucursais ao longo da praia e por isso não me podiam dar outra bicicleta. Arranjou-se um paliativo que foi atafulhar o pneu da frente de ar e fazer um sprint até ao próximo posto onde teria de repetir a ladainha do meu infortúnio ao mexicano de serviço e voltar a encher o pneu. Acabou por dar outra piada ao regresso a Santa Mónica, é o me que diz o meu carácter optimista e bem disposto que me impediu de desfazer a bicicleta numa palmeira. Pelo meio ainda fizemos uma incursão pela parte interior do passeio junto à praia de Venice onde vemos pequenas lojas de souvenirs, vendedores e artistas de rua. Entre músicos e pintores, destaco os verdadeiros freaks de L.A., como o senhor de turbante branco, barba farta, camisa colorida, calções e patins em linha, que se passeava com um sorriso imbecil nos lábios e a tocar intermináveis solos numa guitarra eléctrica que se fazia ouvir num amplificador que trazia ás costas. Só mesmo em L.A..

0 Comments:

Post a Comment

<< Home