San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Wednesday, May 18, 2005

Festas do Espírito Santo - Portugal em Festa em SD

Este domingo, dia 15 de Maio, foi a festa mais importante da comunidade portuguesa de San Diego. As festas do espírito santo, que em Portugal continental ninguém saberá muito bem o que são, mas que nas ilhas, de onde os emigrantes de San Diego são quase na totalidade, são um evento de monta. Lembrei-me à última da hora das ditas festas, e quando cheguei, felizmente, já tinha acabado a parada que desfilou pelas ruas de Point Loma, do outro lado da baía de San Diego. Chegámos para o melhor! Os comes e bebes. Como imaginei, as festas decorriam no coração da Avenida de Portugal, rua que já tínhamos descortinado numa passagem por aquela zona. Ao caminhar para a avenida já começava a sentir-se um cheiro familiar. Eram sardinhas assadas! Ao chegar encontramos um recinto ao ar livre, anexo à casa luso americana de San Diego. E mais portuguesa não podia ser a festa, meus amigos. Parecia uma comunhão ou um baptizado. Os portugueses com as suas roupas chiques de domingo, a espalhar o verdadeiro charme luso. Como isso destoa com a descontracção da Califórnia, e já agora comigo, que cheguei lá de chinelo de enfiar no dedo, calção de banho e t-shirt. Tínhamos a banda dos bombeiros, ou algo parecido, tínhamos as crianças com os vestidos e fatos da comunhão, tipo bonecas de porcelana, tínhamos as velhotas com os vestidos garridos encharcados em pachouli, o senhor de bigode e palito no dente, as tômbolas com prémios como louças vintage de cenas pastoris, enfim... tínhamos o quadro todo. A verdade é que comi quatro sardinhas que me souberam pela vida. Havia também polvo, linguiça, que aqui é a imagem de marca dos portugueses e que não se parece nada com aquela que pomos na francesinha, parece mais uma salsicha fresca e bem condimentada, havia bacalhau, tremoços, bifanas, e essa grande especialidade que é o sumol de maracujá. Havia vinho também, e cerveja, mas não confirmei se eram de casta lusa. Depois, o comportamento das pessoas levava logo a aperceber-nos que não estávamos entre americanos. Enquanto comia sossegadamente, a Joana foi bombardeada por tremoços sorrateiramente. Quando buscámos o agressor constatamos que eram dois cotas nos seus cinquentas divertidos como miúdos a meterem-se com a rapariga e rirem-se como desgraçados. Definitivamente ali não estávamos na América.

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