San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Wednesday, April 20, 2005

A Minha Vida Dava um Filme... ou Quase

A minha carta cor de rosa, bafenta e mole corre o risco de ser considerada obsoleta neste país por um qualquer Ranger, ou Highway Patrol, e vai daí que houve que tirar uma carta local de modo a tentar não ser alvejado e figura principal num episódio do Cops. Lá me dirigi à DGV cá do sítio para tratar do assunto. Entrei… aliás, não entrei, porque a fila vinha ate cá fora. Esperei pela minha vez de receber um ticket com o meu número de atendimento e esperei. Encosto-me a um canto, e sinto-me observado. Uns olhos ferozes no meu encalço quase queimam as minhas costas. Tenho medo de olhar para trás. Disfarço. Assobio. Ao assobiar improviso a música errada. Música demasiado provocadora. Mas que raio, é sempre a música com assobio incorporado que me vem à cabeça, principalmente aqui na Califórnia. Sim, a do Enio Morricone para o épico do Sergio Leone, a pautar as texanas do Clint Eastwood. The Good, The Bad & The Ugly. Olho pelo canto do ombro, viro lentamente o pescoço. Ninguém. Do outro lado uma mulher preenche uns papéis. Quem me queima com o olhar? Perco o medo, encho-me de tomates, e olho para trás num repente quase gritando “Are you talking to me? Ahh? There’s nobody else around here! You must be talking to me!”. Mas não! O filme era outro… Para meu espanto vi o Exterminador, o Predador, o Bárbaro mesmo a cheirar as minhas costas. Petrefiquei. Com o olhar clamei piedade. Mas não… segundos de clarividência descortinaram um plano 2D. Era uma fotografia e não o bicho em carne e osso. E não era o Exterminador! Era o excelentíssimo senhor governador da Califórnia! Uma foto respeitável (se viram o Conan sabem o que quero dizer) tipo passe, sem adornos cinematográficos, com uma legenda a indicar o seu cargo, e a lembrar que é dele a tutela do Código da Estrada da Califórnia, e das leis que lhe estão adjacentes. Agora parecia estar no cinema, com aquela foto a fazer lembrar o átrio bafento do Cinema do Terço, num anúncio a um filme antigo qualquer. No Porto era governado por um palhaço, na Califórnia por um actor… venha um crítico e escolha.

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