San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Wednesday, May 04, 2005

Parque Nacional de Joshua Tree

O outro objectivo desta viagem era vislumbrar o deserto, e a paisagem do Parque Natural de Joshua Tree. O deserto daquela zona não é aquilo a que em geral chamamos de deserto, que se identifica mais com um deserto em particular, e que é o deserto do Sahara. Este deserto tem vegetação, mas vegetação seca, rara e rasteira, que na zona do parque de Joshua Tree apenas é rasgada pelas imponentes e insólitas arvores. Algumas zonas do parque estavam floridas, com aquelas flores campestres pequenas, ora amarelas ora arroxeadas, graças ao Inverno mais húmido da Califórnia das últimas décadas. Na zona de Palm Springs o deserto era já bastante… deserto. Uns tufos de vegetação seca salpicavam a areia e a terra, e uma ou outra arvore ou arbusto mais resistentes davam um toque mais verde ao ocre vigente. Isto se não contarmos o verde das palmeiras e relvados imensos que constituem as propriedades de muitos hotéis e de muito particular abastado que faz questão de ter casa no retiro privilegiado de Hollywood, LA e San Diego. Faz alguma impressão ver um relvado viçoso e saudável num ambiente onde até o Homem tem dificuldade em viver confortavelmente, se não ajudado por algumas mordomias, como uma piscina e um ar condicionado. A paisagem é maravilhosa, para além de inédita para um Europeu como eu. No vale em que nos encontramos vemos uma superfície imensamente plana, árida, a esbarrar em cadeias montanhosas de milhares de pés de altura. A contrastar com o calor e a aridez do vale, vemos em volta picos brancos de neve, que refrescam pelo menos o olhar. Na última noite em que estive na zona de Palm Springs, levantou-se um vento gigantesco que mal me deixava abrir a porta do carro, e que inundava as estradas com areia a serpentear pelo asfalto em corropios constantes. Enquanto tentava segurar o meu Chevrolet na faixa do meio da Interstate 10, tal era o vento que se fazia sentir, alguns tufos de arbustos secos guiavam em sentido contrario ao meu, ou investiam lateralmente, rebolando empurrados pelo vento. Era um cenário digno de se ver, um clássico que conhecia apenas de aventuras que não as minhas.
O caminho para o Parque Nacional de Joshua Tree a partir de Palm Springs leva algo menos que uma hora. Passámos por mais uns cenários interessantes pelo caminho, e acabamos por parar em Yuca Valley para comer, num típico dinner de beira de estrada, o conhecido e mítico Denny’s, que se pode encontrar em qualquer canto dos Estados Unidos, mas que neste cenário ganha mais razão de ser, com os seus sofás corridos a acompanhar a mesa iluminada pelo candeeiro central. Aqueles Dinner’s onde a empregada vem encher as taças de café ou os copos de Coca Cola, e onde se vê o camionista cansado e se ouve musica country. Em Yuca Valley ja se vêm algumas Joshua Trees a comporem a paisagem, como que a avisar que o parque já não está longe. Na vila de Joshua Tree temos a entrada oeste do Parque. O percurso faz-se por uma estrada que vai em direcção a 29 Palms, uma localidade mais a leste. O parque esta muito bem organizado, pois proporciona paragens em diversos locais, para que se possa parar e apreciar a grandiosidade da paisagem e tirar fotografias, e está bastante bem sinalizado, com indicações de locais de interesse. E isto é feito sem invadir a integridade do parque e da natureza, nem a privacidade dos seus habitantes. Também existem zonas destinadas ao campismo, onde se pode pernoitar no meio do parque. A paisagem é simplesmente maravilhosa, alternando planos intermináveis de Joshua Trees que se estendem ao sol, com escarpas rochosas e cactos e montanhas altivas ao fundo. Entretanto, águias e corvos voam por cima de nós, esquilos e outros roedores aparecem de vez em quando para cumprimentar, ou lebres apressadas cruzam o nosso caminho. Em alguns locais, flores dão um colorido insólito á paisagem desértica e seca. Existem alguns caminhos que nos atiram para fora da estrada principal para nos levarem a locais de interesse. Um deles levou-nos a umas formações rochosas imponentes, e a um lago pantanoso numa clareira de rochas e escarpas, isto depois de caminhar um pouco pelo meio do parque. Baker Dam o nome do lago, e sem duvida a visitar, principalmente nesta altura em que ainda há água no lago. Depois, há um caminho que nos leva a um ponto a 4000 e tal pés de altitude, cerca de 1500 metros, que tem uma vista assombrosa, de cortar a respiração. Quando pensávamos que já tinhamos visto tudo o que o parque tinha para oferecer, chegamos a este local. Para-se o carro, abre-se a porta, sai-se do carro, e os nossos olhos deparam-se com uma vista absolutamente incrível do Coachella Valley. Alguma névoa emprestava uma aura misteriosa ao vale. Segundo umas indicações disponíveis no local, em dias de grande visibilidade pode ver-se o México, um monte mexicano pelo menos, o que significa mais de 200 km de visibilidade. Este não era um desses dias, mas até acho que esta neblina que envolvia a montanhas e os canyons era o complemento perfeito para o cenário que estávamos a ver. Deixo-vos então algumas fotografias para que possam, conjugando as imagens e as descrições, sentir alguma desta magia do deserto, de Joshua Tree, e do Coachella Valley.

0 Comments:

Post a Comment

<< Home