San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Thursday, September 29, 2005

As Primeiras Visitas Vindas do Porto - Marco e Beiça

Depois do Fred, novos hóspedes em casa, AKA Hotel Califórnia. Vindos directamente do Porto, os amigos de longa data Marco e Beiça. Vindos directamente é um eufemismo, tendo em conta que se fala de uma viagem de mais de 20 horas, e que saíram do Porto de camioneta para apanharem o avião em Lisboa para… Amesterdão, e que ainda fizeram mais uma escala em Minneapolis. Mas, como se diz por esta terra de frases sabias e saloias, “no pain, no gain”, e se a viagem custou a passar, ainda por cima privados do prazer de um cigarro, a recompensa foi a Califórnia no seu esplendor e um anfitrião com vontade de matar saudades de paródia à moda do Porto.

Depois de terem perdido o voo em Minneapolis devido aos zelosos senhores da emigração, lá chegaram eles. Sendo tarde, já não deu para muito, e apenas os brindei com um passeio de carro por Downtown, onde a festa nos bares já ía longa. Passou-se o resto do serão a pôr conversa em dia e a disparatar um bocado. O dia seguinte começou cedo, principalmente para eles, porque o jet lag não perdoa, e atrasar o relógio biológico assim 8 horas de um dia para o outro não é coisa fácil. O Marco, muito afirmativo, demorou a aceitar que tinha jet lag. Só o aceitou, renitente, depois de verificar que antes da hora de jantar estava cheio de sono, e que acordava impreterivelmente ás 6 da manhã qualquer que fosse a hora a que se tivesse deitado. No primeiro dia inteiro na Califórnia, um soalheiro domingo, levei-os a percorrer um bocado da costa, por Pacific Beach, La Jolla, e também Del Mar, Solana Beach e Encinitas. Em Pacific Beach, a zona de praia mais jovem, demos uma volta junto à praia, por entre restaurantes e bares, e paramos no bar mais movimentado à beira mar para refrescar as goelas. Dali seguimos para uma paragem em La Jolla, uma das zonas balneares mais abastadas, paralelamente a Del Mar. Ali fizemos a paragem do costume em La Jolla Cove onde mora uma alegre comunidade de focas que os turistas tratam de afugentar, e ao mesmo tempo domesticar com a sua presença. Depois comemos no Jose’s, um restaurante mexicano em plena Prospect Street que serve uma Margarita Granizada de Morango fabulosa. Entretanto o Beiça começou a descobrir onde gastar alguns dólares quando encontrou uma loja da Harley Davidson não muito longe dali. Seguimos para norte, visitando outras praias e localidades, acabando em Encinitas com o sol a pôr-se. Logo ali eles assumiram uma preferência: Pacific Beach. Pela praia, pela animação, pelo pessoal, pelas jovens banhistas e pelos bares junto À praia. Pela noite ainda demos um salto à movida de San Diego, indo a uma festa brasileira. E a partir desse dia deixei-os ao seu destino, já que o trabalho não me deixou acompanhá-los a tempo inteiro durante o resto da semana.

Durante a semana eles aventuraram-se por Tijuana com o Fred, um outro hóspede deste ilustre Hotel, e ainda por Santa Mónica e Venice Beach, bem nos arredores de Los Angeles. Das compras de Tijuana há a registar as máscaras de wrestling mexicano, e o chapéu tipo cowboy / barão da droga que o Beiça comprou. Pessoal aí do Porto que o conhece, peçam-lhe para ver as máscaras que são uma comédia! Vale a pena.

Depois da nossa viagem, de que falo mais adiante, há ainda a registar a ida ao concerto de Dave Mathews Band, uma ida a um jogo de baseball para ver os Padres locais a perderem, e ainda a ida à divertidas corridas de cavalos, onde já agora eu e a Joana ganhamos com as nossas apostas. Depois das corridas de cavalos assistimos ao concerto de Ziggy Marley, que não se coibiu de explorar as músicas do pai Bob. É sempre bom ouvir êxitos como Jammin, Roots Rock Reggae, entre outros, especialmente ao vivo e bem tocados. No fundo era para isso que todos estavam lá.


A primeira ida à praia em Pacific Beach - San Diego. As boas vindas aos primeiros turistas vindos do Porto. Posted by Picasa


O Marco e o Fred em PB ... encontro de turistas. Posted by Picasa


Os primeiro dia dos turistas na Califórnia. Posted by Picasa


O animado bar de praia em Pacific Beach. Posted by Picasa


Beiça e La Jolla... conjugação perfeita! Posted by Picasa


La Jolla numa tarde de sol. A primeira de muitas para os meus visitantes. Posted by Picasa


Finalmente uma aparição do meu Ford Explorer neste distinto blog. Posted by Picasa


E também fomos ás compras... um pacote de batatas fritas quase do tamanho do Beiça. Aqui é tudo à grande... Posted by Picasa


Um marisquinho ao fim da tarde no Green Flash em PB. Posted by Picasa


Que fins de tarde... Uma cervejinha em Pacific Beach... Posted by Picasa


Petco Park, o estádio dos San Diego Padres. Não é o Dragão, mas é bem porreiro. Posted by Picasa


Um serão americano... Coke, Hotdog e Baseball. E quase a dormir com o jogo... Posted by Picasa


Que seca de jogo que fomos ver! Posted by Picasa


Beiça explica porque não gosta de Sushi. Posted by Picasa


Sushi para todos ... ou quase todos... Posted by Picasa


Os três no concerto de Dave Mathews Band. Posted by Picasa


Antes das corridas, uma ida à praia para refrescar as ideias. Posted by Picasa


As famosas corridas de cavalos de Del Mar Fairgrounds. Posted by Picasa


A descansar depois de uma aposta mal feita. Posted by Picasa


Os turistas foram ás corridas... Posted by Picasa


Ziggy Marley em San Diego...  Posted by Picasa


Go Greyhound ... mais um clássico. Posted by Picasa


Os dois artistas no On Broadway, um dos melhores clubes de San Diego, na v�spera de regressarem a casa. Posted by Picasa

Road Trip Pelo Deserto

Chegados ao fim de semana, rumamos a Las Vegas e Grand Canyon. Aí sim, foi uma risota, numa viagem com toda a excitação e interesse que uma road trip pode ter. A viagem feita ao fim da tarde roubou-nos alguma da paisagem do deserto de Mojave por onde passamos já de noite. No entanto, não nos roubou o acesso ao interior profundo da América, e às experiências únicas que lá se podem ter. Depois de umas duas a três horas de viagem, a fome começou a apertar, assim como a necessidade de esticar as pernas. Depois de hesitar sair da I-15 umas quantas vezes e falhar então os habituais Mc Donalds, Jack in a Box, e demais fast foods, decidimos sair numa saída para encontrar onde comer. Logo à saída da auto-estrada um dinner à boa maneira americana, com uns neons retro que indicavam o Peggy Sue’s 50’s Dinner. Pareceu-nos bem enriquecer a nossa experiência pela América profunda indo a este dinner clássico. Ao entrar foi como se tivéssemos atravessado um portal temporal que nos transportou num repente para os anos 50 ou 60. Eu já tinha ido a alguns dinners que exploravam, e bem, os dourados anos do rock & roll, com as jukeboxs, as fatiotas dos empregados, e a decoração, como no Ruby’s em Palm Springs, ou o Johny Rocket em Washington. Mas este era diferente. Se os outros recriavam, encenando uma época, este parecia de facto parado no tempo, o que lhe dava um ar bizarro, mais que caricato ou castiço. Mal entramos, deparamo-nos com os típicos balcões destes dinners, com os seus banquinhos em fila. Para adensar a bizarria, um manequim feminino vestido a preceito de empregada estava sentado no primeiro dos bancos, parecendo uma empregada empalhada, dando agora um ar “necro”, em vez do assumido retro. Logo à direita, outra empregada empalhada, em pé, como que a dar-nos as boas vindas. Perto de uma janela, ao fundo da sala do lado direito, um boneco do Elvis em tamanho real. E mais ninguém habitava aquele restaurante. Nós entramos, intrigados e curiosos, e lá nos apareceu uma empregada de carne e osso finalmente. Sentamo-nos numa típica mesa de sofás corridos, e podemos observar melhor o bizarro local onde nos fomos meter. O facto de estarmos no meio do nada, e de sermos os únicos clientes, acrescentava os condimentos que faltavam ao ambiente, e a nossa prodigiosa imaginação ajudava a compor um cenário estranho e enigmático. A empregada era uma personagem estranhamente inocente e divertida, com risos enigmáticos e despropositados, e uma ignorância abençoada, que podia muito bem ter saído de um filme de David Lynch. Só a confusão que lhe causou o facto do Beiça não querer batatas no seu hambúrguer. “Just the burguer? No fries? Ahah … Hummm. But it comes with the burguer… Well… Ok. I have to talk with the cook”. Passado um minuto a registar os outros pedidos: “Well…I’ll tell you what im going to do. I’ll bring you the burguer with the fries, and you eat whatever you want. Ok? You can leave them…”. Bem, lá teve que ser. Não queríamos complicar a cabecinha da menina, nem enfurecer o cozinheiro, que era um típico agricultor americano, com jardineiras de ganga largas, caviada branca, e boné à camionista. Espalhadas pelas paredes estavam fotografias de inúmeras celebridades de outrora, como a Marilyn, o Elvis, o Buddy Holy, o James Dean, e muitos outros. A música que se ouvia, está visto, era rock & roll do antigo. Foi uma refeição diferente, sem dúvida, algo perturbada pelo facto de termos sido fechados à chave pelo rude cozinheiro, que rematou o acto com um seco “Now you are locked inside”, seguido de uma estranha gargalhada. Foi uma gracinha do pobre homem, que apenas queria evitar a entrada de mais clientes, já que o tasco estava a fechar. Depois do contacto com o surreal, a volta à estrada para percorrer as milhas em falta até Las Vegas.


O hilariante e estranho Peggy Sue's 50's Diner... e a empregada est�tica da entrada.  Posted by Picasa


Atrás uma das empregadas "empalhadas" da Peggy Sue. Posted by Picasa