San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Wednesday, May 18, 2005


PB Block Party ... a festa também se fez na areia ... e com um cenário destes ... Posted by Hello


Põr do sol em Pacific Beach ... PB Block Party is over, let the night begin ... Corona por favor !!  Posted by Hello

Festas do Espírito Santo - Portugal em Festa em SD

Este domingo, dia 15 de Maio, foi a festa mais importante da comunidade portuguesa de San Diego. As festas do espírito santo, que em Portugal continental ninguém saberá muito bem o que são, mas que nas ilhas, de onde os emigrantes de San Diego são quase na totalidade, são um evento de monta. Lembrei-me à última da hora das ditas festas, e quando cheguei, felizmente, já tinha acabado a parada que desfilou pelas ruas de Point Loma, do outro lado da baía de San Diego. Chegámos para o melhor! Os comes e bebes. Como imaginei, as festas decorriam no coração da Avenida de Portugal, rua que já tínhamos descortinado numa passagem por aquela zona. Ao caminhar para a avenida já começava a sentir-se um cheiro familiar. Eram sardinhas assadas! Ao chegar encontramos um recinto ao ar livre, anexo à casa luso americana de San Diego. E mais portuguesa não podia ser a festa, meus amigos. Parecia uma comunhão ou um baptizado. Os portugueses com as suas roupas chiques de domingo, a espalhar o verdadeiro charme luso. Como isso destoa com a descontracção da Califórnia, e já agora comigo, que cheguei lá de chinelo de enfiar no dedo, calção de banho e t-shirt. Tínhamos a banda dos bombeiros, ou algo parecido, tínhamos as crianças com os vestidos e fatos da comunhão, tipo bonecas de porcelana, tínhamos as velhotas com os vestidos garridos encharcados em pachouli, o senhor de bigode e palito no dente, as tômbolas com prémios como louças vintage de cenas pastoris, enfim... tínhamos o quadro todo. A verdade é que comi quatro sardinhas que me souberam pela vida. Havia também polvo, linguiça, que aqui é a imagem de marca dos portugueses e que não se parece nada com aquela que pomos na francesinha, parece mais uma salsicha fresca e bem condimentada, havia bacalhau, tremoços, bifanas, e essa grande especialidade que é o sumol de maracujá. Havia vinho também, e cerveja, mas não confirmei se eram de casta lusa. Depois, o comportamento das pessoas levava logo a aperceber-nos que não estávamos entre americanos. Enquanto comia sossegadamente, a Joana foi bombardeada por tremoços sorrateiramente. Quando buscámos o agressor constatamos que eram dois cotas nos seus cinquentas divertidos como miúdos a meterem-se com a rapariga e rirem-se como desgraçados. Definitivamente ali não estávamos na América.

Pacific Beach Block Party

A PB Block Party foi o acontecimento da semana em San Diego. E aqui estou eu para confirmá-lo. Em que consiste este evento? Fecha-se uma comprida secção de Garnet Avenue em Pacific Beach, até ao quarteirão que desagua na praia. Fecham-se as ruas perpendiculares adjacentes. Montam-se 6 palcos bem distribuídos por essas ruas e convida-se uma data de bandas de pequena dimensão para animar a malta. Montam-se barracas ao longo da avenida com vendas dos mais variados tipos. E por fim deixa-se o povo afluir. Ora, em PB, o povo é maioritariamente jovem, já que muitos estudantes universitários alugam casa por aqui. Milhares de pessoas, sub 30 essencialmente, boa disposição, pouca roupa, muito calor, enfim, Califórnia party. Os bares à pinha de gente que queria beber uma cerveja, embora muitos grupos tivessem os seus packs de cerveja debaixo do braço no meio da rua. Uma infâmia aos olhos da policia local. Também se podiam ver inúmeras festas nos jardins das casas em volta do evento, com pessoal em trajes de praia, cerveja na mão, música a bombar. As babes californianas estavam maravilhosas. Eram matilhas delas, em bikinis pequeninos, calçõees justos, tatuagens à mostra! Enfim … Ainda conheci duas ou três espécies, como uma do Texas, que era travel therapyst, whatever that means. O que eu sei é que a vaca se fartava de viajar. Ainda me perguntou se as pessoas em Portugal eram melhores que aqui. Eu apenas respondi um diplomático e misterioso… são diferentes! Depois perguntou … “mas aqui na California nem é muito mau pois nao?”. Não é a primeira vez que me fazem observações destas. Há uma sensação de rejeição que eles sentem à partida perante um europeu. Pelo menos é a sensação que tenho muitas vezes. Nunca tive a reacção contrária. Entretanto, um grupo reggae bem jamaicano fazia a apologia do consumo de marijuana, com a sua música “Have you ever smoked a pound of weed all by yourself”. Pelo meio pararam a musica e pediram à polícia presente, que se vislumbrassem alguém ali a tentar fumar um pound de erva para o deixarem tranquilo. Entretanto o pessoal presente aderia a iniciativa… Claro que há boa maneira americana, ás 6 pm estava-se a fechar o tasco. Acabaram os concertos e as barraquinhas fecharam-se. Ficaram os bares a bombar. Fiquei por lá ate as 2 da manhã, pelos barzitos locais, a confirmar que Pacific Beach é de facto dos locais mais divertidos de San Diego.


PB Block Party - Manual de Instruções Posted by Hello


Os concertos ... como diz o rastafari de serviço ... "have u ever smoked a pound of weed all by yourself?" ... Posted by Hello


... os contrastes sempre presentes ...  Posted by Hello


... os bares à pinha ... as ruas à pinha ... uma corona por favor ... Posted by Hello


... e as meninas passeavam-se ... tatuagens bronzeadas ... todas muito cool ... Posted by Hello

Monday, May 16, 2005

As Primeiras Visitas

O fim de semana anterior foi fantástico, na companhia de dois bons amigos, sempre bem dispostos e em sintonia hertziana. Companheiros de lides emigrantes além mar, resolveram visitar-me, num gesto que irei retribuir logicamente. Dias de risota, de borga, de pequenas viagens, de festa.

Quinta feira, 5 de Maio, data histórica para os mexicanos. Pelos vistos ganharam aos franceses na Batalha de Puebla em 1862. Não sei o que raio faziam os franceses por aqui, mas tudo bem, não contesto dados históricos. O que realmente me interessa é que se trata de uma data que os mexicanos comemoram à grande, e por arrasto cultural, que a cultura Americana não dá para muito, os americanos juntam-se à comemoração como se tivessem lutado com as próprias mãos os invasores gauleses. Como bons portugueses, os meus visitantes rapidamente se ambientaram e descobriram onde se passava a festa rija. Lá se dirigiram a Old Town, zona que com muita vergonha devo dizer que ainda não conhecia. Encontrei-me com eles mais tarde, já a festa ía avançada. Gente nas ruas, música, tacos, burritos, quesadillas, cerveja, tequila, margaritas. Enfim … um deboche! Os meus amigos vieram, para alem de me visitar e passar um bom bocado, em busca do sol que a geografia lhes tem roubado. Estava de facto uma noite bem agradável, quente diria mesmo. Mas, coisas da metereologia, eis que se abate um dilúvio monumental, apenas comparável a monumentos como a Pirâmide de Gizé ou a Muralha da China. Meus amigos, não sei se terei visto alguma vez chover assim. Um registo que gostamos de chamar de tempestade tropical. Mas nem isso abalou a festa. Estava calor, e as margaritas ajudavam a esquecer a chuva. Meia hora de calamidade, noite limpa de novo, e o continuar da festa brava. Por sorte estava a jantar numa esplanada coberta. Nem todos tivemos essa sorte … Não me livrei de impropérios e acusações de mentiroso por publicitar uma San Diego radiante e recebê-los com um dilúvio bíblico. Eu bem tentei explicar que nunca tinha visto chover mais que uns pingos ocasionais umas 2 ou 3 vezes de excepção, mas a revolta era grande. Nada que mais umas Coronas e um pé de dança não resolvessem. A noite continuou animada e acabou no Henry’s, já um clássico da minha vivência por aqui, com as suas quintas animadas pela banda de covers.

Nos outros dias aproveitei para lhes mostrar algo da costa da Califórnia. Aqui já o sol de San Diego fazia valer os seus pergaminhos. Fomos até Oceanside num dia, e no outro retomamos a Pacific Coast Highway em Dana Point, para seguirmos ate Long Beach, já arredores de Los Angeles. Parámos em locais bem apetecíveis, e quando digo locais estou praticamente a referir-me a praias. Destaco Dana Point, com um porto interessante, e Laguna Beach, praia simpática e acolhedora, com casas fabulosas a tocar a areia. Alias, aqueles últimos 100 km ate LA são luxuriosos, sendo em grande parte preenchidos por casas de gente de dinheiro da cidade dos anjos. Não serão os mais ricos e famosos, porque esses têm casa em Malibu, Santa Monica ou Santa Barbara. Lá irei a seu tempo, quando passar para norte de LA. Huntington Beach também era uma zona gira, com uma praia grande e interessante. Long Beach foi uma desilusão para mim. É já uma grande cidade, e sem a piada destas localidades de que falei. A praia tem um areal largo, a dar sentido ao nome de Long Beach, mas acaba num muro de cimento de cerca 6 metros, a altura do passeio em frente à praia. Tem uma pista em cimento no areal para o jogging e o deslizar de patins ou bicicletas. Podemos também ver umas ilhas artificiais estranhas no meio do mar que não faço ideia o que são. Mostrei-lhes também La Jolla, Ocean Beach e Pacific Beach, as zonas de praia mais emblemáticas de San Diego, cada uma com as suas características. La Jolla – luxo, hotéis, focas, surf, cotas. Ocean Beach – hippies, motoqueiros, surf, tattoos, rock and roll. Pacific Beach – jovens, estudantes, miúdas, surf, festa.

E por falar em festa, isso foi coisa que não faltou entre nós, embora o esquecimento do passaporte de um dos meus hóspedes não nos permitisse entrar em todos os bares. Conseguimos levar o amor pela legalidade e a correcção do meu flat mate ao desespero, ao infringirmos varias leis nacionais e estaduais, das quais se destaca o fazê-lo conduzir o nosso carro com seis pessoas lá dentro (era o único puro de sangue). O nervosismo criado por tão infame situação levou ao êxtase da noite, com um acidente em plena Grand Avenue em Pacific Beach, que ao sábado à noite respira carros da polícia. Em menos de um minuto saímos do carro, vimos que não havia estragos, e fizemo-nos ao caminho, antes que aparecessem os indesejáveis agentes da autoridade. O resto do caminho foi feito em gargalhadas e rock and roll, e um bocado de adrenalina para o conductor de servico, ora devido a provocações vindas do banco de trás, ora devido aos animais mortos que ele ia descortinando no meio da estrada, e que deram um certo serpentear à nossa viagem. A noite continuou em downtown sem sobressaltos.

Foi bom ter cá amigos para partilhar um bocado de San Diego e da minha aventura. Com amigos sabe sempre melhor. Está prometida uma visita a eles para breve.


O gang em Long Beach ! Posted by Hello


Laguna Beach Posted by Hello


Long Beach Posted by Hello

Wednesday, May 04, 2005


Que Grande Fim De Semana! I´m on the edge !! Posted by Hello

Parque Nacional de Joshua Tree

O outro objectivo desta viagem era vislumbrar o deserto, e a paisagem do Parque Natural de Joshua Tree. O deserto daquela zona não é aquilo a que em geral chamamos de deserto, que se identifica mais com um deserto em particular, e que é o deserto do Sahara. Este deserto tem vegetação, mas vegetação seca, rara e rasteira, que na zona do parque de Joshua Tree apenas é rasgada pelas imponentes e insólitas arvores. Algumas zonas do parque estavam floridas, com aquelas flores campestres pequenas, ora amarelas ora arroxeadas, graças ao Inverno mais húmido da Califórnia das últimas décadas. Na zona de Palm Springs o deserto era já bastante… deserto. Uns tufos de vegetação seca salpicavam a areia e a terra, e uma ou outra arvore ou arbusto mais resistentes davam um toque mais verde ao ocre vigente. Isto se não contarmos o verde das palmeiras e relvados imensos que constituem as propriedades de muitos hotéis e de muito particular abastado que faz questão de ter casa no retiro privilegiado de Hollywood, LA e San Diego. Faz alguma impressão ver um relvado viçoso e saudável num ambiente onde até o Homem tem dificuldade em viver confortavelmente, se não ajudado por algumas mordomias, como uma piscina e um ar condicionado. A paisagem é maravilhosa, para além de inédita para um Europeu como eu. No vale em que nos encontramos vemos uma superfície imensamente plana, árida, a esbarrar em cadeias montanhosas de milhares de pés de altura. A contrastar com o calor e a aridez do vale, vemos em volta picos brancos de neve, que refrescam pelo menos o olhar. Na última noite em que estive na zona de Palm Springs, levantou-se um vento gigantesco que mal me deixava abrir a porta do carro, e que inundava as estradas com areia a serpentear pelo asfalto em corropios constantes. Enquanto tentava segurar o meu Chevrolet na faixa do meio da Interstate 10, tal era o vento que se fazia sentir, alguns tufos de arbustos secos guiavam em sentido contrario ao meu, ou investiam lateralmente, rebolando empurrados pelo vento. Era um cenário digno de se ver, um clássico que conhecia apenas de aventuras que não as minhas.
O caminho para o Parque Nacional de Joshua Tree a partir de Palm Springs leva algo menos que uma hora. Passámos por mais uns cenários interessantes pelo caminho, e acabamos por parar em Yuca Valley para comer, num típico dinner de beira de estrada, o conhecido e mítico Denny’s, que se pode encontrar em qualquer canto dos Estados Unidos, mas que neste cenário ganha mais razão de ser, com os seus sofás corridos a acompanhar a mesa iluminada pelo candeeiro central. Aqueles Dinner’s onde a empregada vem encher as taças de café ou os copos de Coca Cola, e onde se vê o camionista cansado e se ouve musica country. Em Yuca Valley ja se vêm algumas Joshua Trees a comporem a paisagem, como que a avisar que o parque já não está longe. Na vila de Joshua Tree temos a entrada oeste do Parque. O percurso faz-se por uma estrada que vai em direcção a 29 Palms, uma localidade mais a leste. O parque esta muito bem organizado, pois proporciona paragens em diversos locais, para que se possa parar e apreciar a grandiosidade da paisagem e tirar fotografias, e está bastante bem sinalizado, com indicações de locais de interesse. E isto é feito sem invadir a integridade do parque e da natureza, nem a privacidade dos seus habitantes. Também existem zonas destinadas ao campismo, onde se pode pernoitar no meio do parque. A paisagem é simplesmente maravilhosa, alternando planos intermináveis de Joshua Trees que se estendem ao sol, com escarpas rochosas e cactos e montanhas altivas ao fundo. Entretanto, águias e corvos voam por cima de nós, esquilos e outros roedores aparecem de vez em quando para cumprimentar, ou lebres apressadas cruzam o nosso caminho. Em alguns locais, flores dão um colorido insólito á paisagem desértica e seca. Existem alguns caminhos que nos atiram para fora da estrada principal para nos levarem a locais de interesse. Um deles levou-nos a umas formações rochosas imponentes, e a um lago pantanoso numa clareira de rochas e escarpas, isto depois de caminhar um pouco pelo meio do parque. Baker Dam o nome do lago, e sem duvida a visitar, principalmente nesta altura em que ainda há água no lago. Depois, há um caminho que nos leva a um ponto a 4000 e tal pés de altitude, cerca de 1500 metros, que tem uma vista assombrosa, de cortar a respiração. Quando pensávamos que já tinhamos visto tudo o que o parque tinha para oferecer, chegamos a este local. Para-se o carro, abre-se a porta, sai-se do carro, e os nossos olhos deparam-se com uma vista absolutamente incrível do Coachella Valley. Alguma névoa emprestava uma aura misteriosa ao vale. Segundo umas indicações disponíveis no local, em dias de grande visibilidade pode ver-se o México, um monte mexicano pelo menos, o que significa mais de 200 km de visibilidade. Este não era um desses dias, mas até acho que esta neblina que envolvia a montanhas e os canyons era o complemento perfeito para o cenário que estávamos a ver. Deixo-vos então algumas fotografias para que possam, conjugando as imagens e as descrições, sentir alguma desta magia do deserto, de Joshua Tree, e do Coachella Valley.

Visita Guiada a Joshua Tree


Joshua Trees em todo o seu esplendor. Posted by Hello
Um cenário que podia ser tirado de um qualquer western movie.
Uma estrada de areia pelo meio da paisagem inóspita.
Sinto-me a caminho de um duelo...
The Good, The Bad, and The Ugly ... and Me!
Por um punhado de dólares... se visita este magnífico parque.
Um Oásis no Deserto!
Será mesmo necessário este sinal?
Coachella Valley... sem palavras.
E virando o pescoço à direita o cenário é este.
... ... ... ... ... Sem palavras ... ... ... ... ...

Coachella Festival 2005

Como já disse, este era um fim de semana que comportava 3 atractivos. Ir ao festival Coachella 2005, visitar Palm Springs, e ir ao Joshua Tree National Park. Todos os objectivos foram cumpridos na perfeição.
Falando do Festival, devo dizer que houve muitos concertos que não vi. Para fazer isto tudo não podia ir para o recinto do concerto ás duas ou três da tarde. E depois não me apetecia nada ir para lá tão cedo para destilar ao sol abrasador do Palm Desert. Preferi desfrutar de uma piscina e colorir a minha pele de tons mais sépia, ou deambular pelas ruas da cidade, e visitar o Parque Natural de Joshua Tree. Depois, o facto de não estar a pagar permitiu-me tomar esta opção de consciência tranquila, e olhem que o bilhete para os dois dias custava 150 dólares. Mas também, o Filipe arranjou um à porta por 50 dólares para os dois dias, vendido pelos amigos de um amigo que já não ía… Aquelas histórias esquisitas que ninguém quer saber. O meu objectivo principal no festival era ir ver Nine Inch Nails. Há uns 10 anos que conheço e ouço NIN e sempre imaginei que um concerto deles deveria ser fabuloso. E sendo assim, NIN foi o único concerto que vi do início ao fim. E foi de facto completamente fabuloso o concerto. Enérgico, poderoso, visceral, íntimo, genial. Trent Reznor com uma excelente postura e performance em palco, e um desfilar de êxitos e sinfonias únicas. Tocaram as melhores músicas do melhor álbum (para mim uma obra prima da música moderna: The Downward Spiral), e tocaram muitas outras. A fechar, o Hurt num momento íntimo e maravilhoso, e por último o poderoso Head Like a Hole, com tudo aos berros e a saltar. Que momento! Que Final! No fim da música partiram-se amplificadores, guitarras e a bateria, a inviabilizar qualquer tipo de encore. Adorei, e conto ir vê-los agora a San Diego no fim de Maio, num concerto só deles, onde se deve sentir mais a sua pujança. O único senão foi o público pouco enérgico e participativo. Em Portugal não teria havido aquela letargia toda em quase todas as músicas. De resto fui saltitando de concerto em concerto. O recinto era enorme, e completamente relvado, o que evitou um cenário tipo Zambujeira, completamente nublado de pó. Haviam dois palcos grandes, e mais três tendas enormes. E para verem que as tendas não eram para o refugo dos artistas, nelas tocaram Chemical Brothers, Prodigy, Bloc Party, Fantomas, Mercury Rev, e já nem me lembro de quem mais. O problema é que haviam quase sempre 5 concertos a acontecerem em simultâneo, e ou se esta vidrado num como eu estive nos NIN, ou então para também não se perder concertos, não se vê nenhum em condições. Os Chemical Brothers não tiveram impacto, principalmente em quem, como eu, esteve há 2 ou 3 anos na Zambujeira num momento épico. O som não chegava em condições fora da tenda, e havia muita gente a querer ouvi-los. Assim, poucos puderam usufruir de um espectáculo decente. Gostei dos Bloc Party, dos quais já tinha ouvido falar bem, Fantomas, Zap Mama deu para dar ao pé, Amp Fiddler tinha um bom swing, Black Star (Mos Def & Talib Kwelli) era um hip hop agressivo e ritmado, New Order a viverem dos rendimentos, Coldplay a tocarem aquelas musicas choradas que sinceramente me irritam, Prodigy a inflamarem a plateia, e por aí fora num rol extenso de bandas. Havia uma loja da Virgin com descontos onde aproveitei para engrossar o meu espólio melómano, lojas de roupa e T-shirts, havia roupa e óculos retro, e umas zonas VIP engraçadas. Ainda me cruzei com essa grande personagem que é o senhor Danny de Vito, enquanto a minha amiga e fornecedora do passaporte para tal ilustre recinto foi contemplada com a visão da Cameron Diaz e do seu mais que tudo Justin Timberlake. Para o Mr. Justin estou-me a marimbar, mas trocava na boa o meu cruzamento com o muito simpático De Vito, pela visão dessa babe loira, tonta e rebelde. Enfim… Episódios da vida de um pobre emigrante.

Tuesday, May 03, 2005

Fim de Semana em Palm Springs

Depois de uma viagem de cerca de duas horas e meia chegámos a Cathedral City onde nos esperava o nosso Holyday Inn. Cathedral City é uma cidade a leste de Palm Springs, praticamente colada a esta. Estas são todas cidades relativamente pequenas, que se sucedem umas às outras, formando um aglomerado único. Estas cidades são Palm Springs, Cathedral City, Palm Desert, Indian Wells, Indio e Coachella. Acho que não me esqueço de nenhuma… Estas cidades ficam num vale extenso e plano rodeado por cadeias montanhosas, bem encostadas a uma das cadeias de montes, canyons e montanhas, das quais se destaca o Monte de S. Jacinto. Palm Springs, a cidade mais conhecida delas todas, fica bem aos pés desse monte com mais 10.000 ft, que equivale a 3.000 e tal metros.


O Monte de S. Jacinto ao fundo, visto de Cathedral City.
Ao fundo fica Palm Springs. Posted by Hello

A paisagem é muito bonita e perto do surreal. De repente dou por mim a tomar banho numa piscina a destilar com o calor infernal do deserto, uma imensa superfície plana estende-se até aos declives dos montes em volta, e vejo ao fundo, bem alto, o pico do Monte de S. Jacinto branco de neve a brilhar ao sol. Pelo caminho em direcção a Palm Springs, nota-se a mudança gradual na paisagem, à medida que avançamos para leste e transpomos a barreira das montanhas, com o verde intenso e variado a começar a dar lugar ao sépia e ao castanho amarelado, e a vegetação abundante e frondosa a dar lugar a uma vegetação mais casual, e quando chegamos ao vale onde se situa Palm Springs, vemos ja um cenario desértico com muita areia, vegetação rasteira, e alguns cactos e arbustos. A auto-estrada passa também por uma imensa composição de ventoinhas gigantes, uma estação eólica monstruosa que tenta tirar partido dos ventos do deserto que, como pude constatar na última noite, podem ser muito fortes, e formam cenários bem interessantes entre as superfícies inóspitas e as montanhas enormes.

A paisagem a caminho de Palm Springs
era bastante interessante.

A estação eólica que vimos pelo caminho
proporcionou paisagens bem originais.

Palm Springs é uma cidade que renasce agora de um certo abandono. Segundo li, a cidade teve os seu anos dourados nos anos 40, 50 e 60, quando Hollywood a elegeu como destino para refúgio da agitação de LA e Hollywood. Muitas personalidades tiveram ou têm aqui casa, e em Downtown, junto ao Teatro da cidade, um pequeno passeio da fama imortaliza quem por ali passou. Sem estar muito atento consegui encontrar debaixo dos meus pés as estrelas de Marilyn Monroe, Elvis, Frank Sinatra ou Marlene Dietrich.

O culto retro e a omnipresença dos famosos é constante.
A arquitectura é muito interessante para quem, como eu, gostar do estilo Bahaus, minimilista, muito ao jeito dos anos 50 e 60. A cidade manteve-se assim até hoje, sem grandes construções novas, o que lhe dá um ar engraçado e pitoresco, remetendo-nos por vezes para outras épocas que povoam o nosso imaginário. Downtown é praticamente duas avenidas longas e largas que correm paralelas. Nessas avenidas temos lojas de roupa, mobiliário (minimalista e retro em grande parte), restaurantes, bares, no fundo um pouco de tudo como em todas as outras cidades. Algumas lojas cultivam uma imagem retro, pois devem saber que esse é um dos encantos da cidade. Acabei por ir almoçar um dia a um mítico Dinner, o famoso Ruby’s, onde tudo nos remete para os anos loucos do rock & roll. A música, a empregadas com os fatos da época, o design do mobiliário e da decoração… tudo. Imaginei-me de poupa e brilhantina, casaco de couro, e cigarro no canto da boca, ao verdadeiro estilo Travolta.

Ruby's... há coisas que nunca mudam.

A cidade tem cerca de 45.000 habitantes, mas tudo o que se consegue ver são hotéis, e mais hotéis. Dos 45.000 habitantes que vivem lá, quase todos devem trabalhar em hotelaria ou afins. Digo eu … E o que digo para Palm Springs digo para as outras cidades adjacentes. De todos, destaca-se o mítico Hotel Califórnia imortalizado pelos Eagles! Um edifício discreto mas engraçado que está na Highway 111. O meu era um dos milhentos Hollyday Inn espalhados pelo mundo. Uma miséria de um pequeno-almoço continental, e uma piscina milagrosa que me soube pela vida para combater o calor que a partir das 10 da manhã já se fazia sentir. Foi um fim de semana à grande!
Aqui passei eu um bom bocado.
Quando chegamos fomos jantar e beber um copo. A primeira paragem foi num bar manhoso com um karaoke horrível, mais horrível do que um karaoke em geral é. Deu para notar que o ambiente e as pessoas são mais brutos que o very stylish de Downtown San Diego. Uma mistura de turistas universitários em férias a cair de bebados, com uns locais durões enrijecidos pela agrura do deserto. O segundo bar em que entramos foi um excelente exemplo. O porteiro disse-nos que estava mesmo a começar um concerto. A atracção era Led Zeppelin tocado por uma banda de mulheres. Hummm … pareceu-me interessante. Adoro Led Zeppelin e mulheres… Não podia correr mal! Mal entrei reparei o que era previsível. O publico era 95% homens! Havia um desequilíbrio hormonal propício à confusão. Mas afinal o que é um verdadeiro concerto de rock!? As meninas tomaram as suas posições e o concerto começou com duas músicas da sua autoria. Um rock bem agressivo ao jeito do verdadeiro rockeiro da velha guarda. E eis que tocam a primeira música de Zeppelin! E à segunda já há porrada! É assim mesmo! Parecia aquelas porradas de salloon. Foi mesmo ao meu lado que começou, e o tipo que provocou aquilo tudo já lá nem estava quando desatou tudo à estalada. As meninas, muito profissionais, continuaram a sua cavalgada pelos êxitos dos Led Zeppelin. E meus amigos, devo dizer-lhes que elas eram um espectáculo. Faziam um sucesso no Uptown Nuno! A vocalista era fabulosa. Uma atitude bem mais máscula que muitos homens de barba rija. Grande pose em palco, e uma voz pujante, colocada, sem nunca fugir do tom, tanto a berrar como a cantar em tons mais baixos. Metia muita gente dos grandes palcos num bolso. Depois, das outras, só não notei muito na baixista. A guitarrista era bastante boa, e apesar do ar um pouco frágil, agarrava-se às cordas com vontade, tendo os solos e os rifs bastante bem estudados. Talvez não fosse tão boa na parte rítmica. E a baterista era um poço de energia. Nem sei se lhe vi a cara. Só se via uma cabeleira loira a voar à volta da bateria, e uns braços a sair de lá de dentro e a bater em tudo à sua volta, com bastante ritmo, bem nos contratempos e nas paragens. Sinceramente, este concerto foi uma boa surpresa. Até ao fim do ainda houve porrada outra vez, o que deu um colorido maior à festa, e principalmente aos olhos daquele jovem. E assim se passou uma noite na cidade mais glamourosa e “in” do deserto.
Mulheres de pelo na venta!
E aqui vos deixo com mais uns instantâneos da minha estadia em Palm Springs. Amanhã trago-vos aqui os relatos do festival, e de locais de uma beleza natural indescritível.

Mais uma perspectiva do meu local de ócio de fim de semana.

Por incrível que pareça, esta vista também é da piscina onde do meu hotel.

E agora que falamos nisso... esta também é ....