San Diego Chronicles

... o sabor da Tequilla e das enchiladas, o brilho da areia, as ondas do Pacífico, as cores do México, o som do Jazz, dos Blues, do Funk, o movimento nas ruas, aquilo que me surpreende, o que me fascina, o que me apaixona, o que me chateia, ou apenas aquilo que me vai na cabeça...

Tuesday, June 14, 2005

NY - Prefacio

Aproveitei este último fim-de-semana prolongado para realizar um dos meus objectivos desde que soube que viria para os Estados Unidos por 9 meses: ir a New York. A expectativa era grande, e posso dizer que não foi defraudada. Fui lá muito bem recebido pela minha anfitriã, na sua casa em Lower East Side, e guiado por uma New Yorker com dois anos de cidadania, podendo ver a cidade um pouco mais como um “insider” e um pouco menos como um turista.

A chegada a New York é algo surreal. À medida que nos aproximamos da cidade vemos uma composição de prédios altos e esguios, amontoados, numa desproporção imensa com o que a nossa vista alcança em planos mais próximos. Não parece uma cidade. Parece uma maquete, um cenário, algo sem vida. A escala de New York é diferente de alguma outra cidade que já tenha visto. Esta impressão de que vos falo é percepcionada a quilómetros ainda da cidade em si, e é talvez também influenciada pelo céu apocalíptico que se apresentava na altura, que conseguia transmitir uma imagem grave e fria de um cenário algures entre as trevas da idade média e o apocalipse de um série B de ficção científica.

Mas NY não é nada disso. NY é vida em cada esquina, em cada língua, uma torre de babel numerada em avenidas e ruas, e músicas, cheiros, culturas, movimento, cor. Os prédios enormes e frios que ao longe nos davam a impressão fantasmagórica de ausência e de frivolidade, ao perto vibram de energia com gente de um lado para o outro. As suas faces envidraçaadas proporcionam um jogo de espelhos que amplifica o espaço e nos ajuda a respirar no meio destas torres imensas. O que mais impressiona, para além da altura dos prédios, é a exiguidade de muitas das ruas, o que nos proporciona ainda mais uma sensação de pequenês. Há em Downtown de San Diego torres altas, talvez as mais altas com uns 30 ou 40 andares. Mas todas as que há em Downtown de San Diego estão amontoadas em 2 ou 3 quarteirões em Downtown ou Midtown de New York, o que dá o tal cenário de inúmeros planos interceptados no espaço, a precipitarem-se sob nós, e a deixarem o protagonismo do céu apenas para a nesga de espaço que sobra acima das nossas cabeças.

Downtown e Financial District

No entanto New York não é só arranha-céus espelhados e neons apelativos. Os grandes prédios e os mais emblemáticos encontram-se em Downtown / Financial District e em Midtown. Downtown / Financial District é onde se encontra Wall Street, a Bolsa, e onde temos o Ground Zero, onde outrora se elevavam as torres gémeas. Mesmo esse local é pequeno para a altura das duas torres, e quase é difícil acreditar que alguma vez lá estiveram. Devia ser impressionante o tamanho daquelas torres no meio daqueles prédios e ruas estreitas. O Ground Zero está gradeado e guardado por militares armados até aos dentes, o que me pareceu um bocado estranho. Guardam o que? Enfim … É o pais onde estou. Mais estranho ainda é a exposição de fotografias no gradeamento do local. Algumas fotografias lembram as ditas torres, contam um bocado a sua história. Até aqui tudo bem. Mas mais a frente há uma série de fotografias com a cronologia dos ataques, dando o horário dos impactos, das quedas das torres, e de tudo e mais alguma coisa relacionado com aquele dia. Pareceu-me um bocado sinistro. Ali é explorado o medo e o horror das pessoas, quem sabe na tentativa de justificar determinados actos. Não é uma acção estéril nos Estados Unidos. A zona onde está o Stock Market e uma série de bancos e consultoras é engraçada, com ruas mais antigas e estreitas, e edifícios imponentes. Ali perto temos Tribeca e a zona junto ao rio com vista para a estátua da liberdade, duas zonas ricas repletas de condomínios e casas luxuosas, onde os mais bem sucedidos de New York têm casa.
Downtown ... a desproporçao!
Engolidos pelos predios...
Ground Zero - A memoria...
Passeio junto ao rio ... e do outro lado New Jersey.
E a liberdade ao longe ... a estatua ...
A foto classica. Liberdade para dentro da cabeca.

Midtown - NY

Midtown é com certeza a zona mais conhecida de Manhattan. Aquela que se vê nos postais e nos filmes, aquela onde o Empire State Building é rei, onde Times Square emite megawatts de luz, e onde o Central Park descansa no meio do rebuliço da cidade. Aqui vemos em qualquer canto pequenos frames de algum filme que nos ficou na memória, e temos por vezes mesmo um certo sentimento de familiaridade apesar de ser a primeira vez que lá estamos. A subida ao Empire State Building é penosa, mas vale a pena. Só assim se tem noção da grandiosidade de Manhattan e do próprio edifício, e acabamos por esquecer as duas horas de espera para entrar no abençoado elevador. Edifícios que pareciam altos vistos da rua, são agora subalternos ao nosso olhar. Ao fundo, a sul, as torres de Downtown parecem uma cidadela dentro de Manhattan, tal é a desproporcao em relacao a Chinatown, Little Italy, Soho, e outros bairros adjacentes que se vao estendendo até Midtown.
Downtown ao fundo... Fantamagórico!
A nordeste e a norte outras torres se levantam, entras quais o também famoso Chrysler Building, e mais ao fundo, uma enorme mancha verde que da pelo nome de Central Park estende-se para o norte da ilha.
Midtown e ao fundo o imponente Chrysler Building.
Chrysler Building.
Também em Midtown não podia deixar de ir á impagável Times Square. Em Times Square é tanta a informação por unidade de tempo e espaço, que por vezes ficamos meios perdidos no meio da luz, como que hipnotizados com cara de parvo a olhar para as luzes em movimento. E as hordas de gente que se movimentam naquele espaço também não ajudam a ter o mínimo discernimento. De facto, a gente é tanta, e os estímulos visuais e sonoros tão intensos e frequentes, que a certa altura cansa estar em Times Square.
A confusão visual de Times Square.
Para onde olhar?
A azáfama de Times Square.
Yellow Cabs em Times Square... podia haver momento mais clássico?
Claro que, como amante da arte, e da arte moderna e contemporânea em particular, não podia deixar de visitar o recém renovado MOMA (Museum of Modern Art). O edifício é belo e leve, inserindo-se na perfeição entre torres e prédios de tijolo tão típicos de NY. O interior é muito interessante também, tanto pela arquitectura como pela colecção que apresenta. Um jardim interior tranquilo permite descansar da caminhada pelas galerias e da azáfama da cidade. A colecção apresenta pintura, escultura, uma colecção bastante interessante de design, fotografia, vídeo. Aproveitei a free friday, que proporciona a entrada livre no museu a partir das 4 da tarde todas as sextas feiras, o que me permitiu poupar uns dólares, mas ao mesmo tempo ter que partilhar corredores e galerias com muitas centenas de pessoas, o que me retirou algum prazer da visita ao museu. Posso registar alguns Picassos e Dalis, alguns classicos Pop de Warhol e Lichtenstein, dois ou três quadros fabulosos de Munch, e um quadro lindo de Van Gogh que não imaginei que aqui estivesse: Starry Night. Simplesmente arrebatador visto ao vivo. De resto, Midtown são as imensas avenidas, principalmente a 5ª , a 6ª, a 7ª ou Fashion Avenue, e a Broadway que faz uma diagonal e desagua na Times Square, e o Central Park, o Rockefeller Center, a Catedral de St. Patrick, a Trump Tower, o Chrysler Building, o Guggenheim, o Metropolitan, o Plaza Hotel, os teatros da Broadway, as pessoas a correrem de um lado para o outro, os yellow cabs a buzinar e a desafiarem as leis da estrada e da fisica… Enfim! Só visto… Melhor … Só vivido.
Rockefeller Center em vésperas do Memorial Day. O patriotismo na cor da naçãoo. Afirmação pela quantidade...
St. Patricks Cathedral em plena 5ª Avenida.
O mítico Radio City.
Sufucado pelas paredes até ao céu...
Jogo de espelhos em Midtown.


Times Square ... tanta confusão que a máquina nem sabe o que focar... Posted by Hello

Lower East Side e East Village - O Meu Refúgio

A minha residência temporária em NY foi em Lower East Side, na casa da minha amiga Filipa. Com a ajuda dela pude conhecer NY com mais facilidade, e mais perto da vida de um nova-iorquino. No fundo, para mim viajar é uma experiência, não é ver monumentos. Para mim tem muito mais valor poder contactar com as pessoas locais, viver a cidade por dentro em vez da superficialidade de muitos dos sites turísticos, misturar-me com a vida nativa, perceber os comportamentos e a cultura. Isso é a essência de viajar, e só assim se retira mais que fotografias de uns dias de turismo. Claro que ir a alguns pontos clássicos e turísticos também faz parte do acto de viajar, mas por si só são manifestamente insuficientes. Em NY, em pouco tempo, seria impossível penetrar na vida de NY, para alem da faceta turística, se não tivesse uma ajuda preciosa.

Uma homenagem aos emigrantes em Lower East Side.


Lower East Side é uma zona que em tempos foi um local de Manhattan a evitar. Abrigo de algumas minorias étnicas, Lower East Side era a casa de traficantes de droga, e todas as boas companhias que eles costumam arrastar. Mas isso são tempos idos. Se Lower East Side continua a ser a casa de minorias, principalmente hispânicos porto riquenhos, hoje em dia é uma zona sossegada e segura, alias como qualquer zona em NY. Prédios antigos em tijolo burro com escadarias em ferro e algo desgastados, guardam inumeros grafitis interessantes, e ainda dá para notar que aquele foi um bairro menos favorecido. Bem pertinho está a zona de East Village. Esta zona era também uma zona ostracizada da cidade, ate há uns anos atrás muitos jovens estudantes, artistas ou aspirantes a tal, estudantes ou trabalhadores estrangeiros, se mobilizaram para um bairro que hoje respira vida em cada esquina a qualquer hora. Foi por este bairro que passei muitas horas da minha estadia em NY. Pela Avenida A e B, por St. Marks, por entre bares e pubs, mercearias e floristas 24 horas, fruta e flores expostos no passeio, restaurantes pequenos e acolhedores bem decorados, música, lojas de discos alternativos, boutiques de roupa vintage, enfim… East Village é cativante e cheio de vida. Pude conhecer outros portugueses que fazem de NY a sua casa, assim como outros forasteiros, brasileiros, franceses, irlandeses, italianos, e por ai fora. Durante a minha estadia fui ainda ver um concerto dos Bright Eyes no Webster Hall, que fica por esta zona. Um teatro antigo que funciona como discoteca actualmente, ou como sala de concertos, a fazer lembrar um bocado o Roxy em Praga, ou paralelamente, o Teatro Sá da Bandeira no Porto.
Grafitis e pinturas nas parede. Uma imagem de marca de Lower East Side.
Os gnomos de Lower East Side.
Homenagem a João Paulo II.
St. Marks, uma rua animada de East Village.

Três Bairros, Três Estilos - Little Italy, Chinatown e Soho

Relativamente perto de Lower East Side fica Little Italy, Chinatown, que já invadiu Little Italy, e o Soho. Foi exactamente por aqui que comecei a minha visita a NY. Ainda cansado da viagem fizemo-nos ao caminho pelas ruas da cidade. A zona de Little Italy, segundo me contam, perdeu o encanto de outrora, sendo desvirginada pelos pagodes chineses que invadem agora aquele bairro. Pode-se no entanto ainda ver alguma aura italiana nas ruas, com os empregados dos restaurantes a chamarem os transeuntes para os seus estabelecimentos, alguns ainda com aquele sotaque italo-americano tão celebre, ou ver floreiras penduradas nos toldos e nas varandas, a dar um ar mais colorido à rua, um pouco à imagem do que se faz em Itália.

Rua de Little Italy.


Chinatown é um rebuliço de gente, de vendedores, bancas reluzentes de bugigangas, relógios, malas, roupa, mercados de peixe com baldes de peixe vivo, casas de loto e jogo ao bom estilo chinês. Os paineis publicitários na rua são em chinês, e na rua é essa a língua que mais se ouve, sobrepondo-se ao inglês nativo. De repente parece que entramos noutra cidade, outro pais.

A enérgica Chinatown.


Por fim, no Soho, o ambiente é mais calmo. O Soho é uma zona que teve um boom há 10 ou 15 anos, quando começou a ser recuperada por artistas e galerias de arte começaram a florescer na zona. A reboque disso, abriram restaurantes, lojas de roupa, pequenos bares, e a zona passou a ser uma zona apetecível e agradável, com um toque arty e um tique fashion. Hoje, muitas galerias deram lugar a lojas luxuosas de roupa, e o ar descontraído da zona diluiu-se um bocado. Mas é ainda um local muito agradável, com cafés e bares acolhedores, galerias a salpicar as ruas de arte, lojas com estilo e bom gosto, casas de design e uma calma que nos faz permanecer nas ruas do bairro. Aqui, lanchei no mítico Baltazar, um café do Soho num estilo europeu anos 20 muito acolhedor. Aqui, para completar o belo cenário composto pelo ambiente tranquilizador, a bela companhia da Filipa, a minha anfitriã, e a excelente tarte de maçã com gelado, só mesmo a companhia da mesa do lado de duas belas meninas eslavas, a fazer lembrar os meus bons tempos na Polónia. Enfim … saudade.

Flores a colorirem o Soho.

Felix Bar no Soho.


Ás portas de Manhatan! Posted by Hello

De Bicicleta por Manhatan

Num passeio de bicicleta pela cidade, pude alargar o meu espectro de acção, e visitar bairros mais distantes. Foi assim que dei um salto a Greenwich Village, uma zona que vi muito de passagem, mas que me pareceu também muito interessante, talvez num meio termo entre East Village e o Soho. Pelo caminho assisti a um torneio de basquetebol de rua, num daqueles típicos ringues gradeados, com as pessoas coladas nas grades a assistir ao jogo. Passei também por duas praças da cidade bem conhecidas, como Washington Square e Union Square. Nas duas havia actividades lúdicas, como barraquinhas com vendas de pequenas peças de artistas de rua, fotografias da cidade, pinturas, bugigangas, enquanto performers agrupavam umas dezenas de domingueiros atraídos pelas suas actividades. Havia também a feira de produtos orgânicos, a antiglobalização vegetal ao alcance da mais global cidade do mundo.

Union Square a vibrar de gente e movimento...

Mercado de rua em Union Square...

Em Washington Square uns comediantes de rua atraem as atenções...


Decidimo-nos depois por pedalar até Brooklyn, do outro lado do rio. Com a ajuda de um polícia de trânsito delineei o meu percurso mentalmente olhando para o mapa, e contando com a minha facilidade de orientação. Então o plano era atravessar a Manhattan Bridge até Brooklyn, e uma vez lá, apanhar a mítica Brooklyn Bridge em direcção a Manhattan, e mais propriamente a Downtown. A ponte de Brooklyn é muito bonita, e proporciona uma entrada triunfal em Manhattan, com uma vista priveligiada de Downtown e Financial District. A imponência ancestral da ponte, nos seus pilares de pedra a sustentar os cabos de aço, faz um belo contraste com a modernidade dos prédios de Downtown. Uma das melhores vistas da cidade sem dúvida.

Manhattan Bridge a rasgar Chinatown em direcção a Brooklyn.

Manhatan Bridge, a caminho de Brooklyn.

O ferro de Manhatan Bridge...

Downtown Manhatan vista de Brooklyn.

A avançar na ponte de Brooklyn em direcção a Manhatan.

Brooklyn Bridge - Downtown sob uma teia de aço

Um pormenor da Brooklyin Bridge.

Cada vista da ponte proporciona uma perspectiva diferente.

Downtown e o Pier 17.

Relaxar em Central Park

Tive ainda tempo de pedalar por Midtown, pelo meio de avenidas e dos loucos taxistas nos seus Yellow Cabs, aventurando-me pelo pejado Central Park a um domingo de tarde, onde uma espécie de festa de dança para patinadores decorria, com dj e tudo. Uma coisa surreal! As grades faziam questão de separar os “8 rodas” do vulgar “sola de borracha”. O parque é muito agradável, permitindo relaxar no meio da loucura de Midtown de NY, embora o ambiente no parque seja também de movimento, com bicicletas para um lado, patins para o outro, a ultrapassarem os conservadores adeptos do jogging, enquanto nos imensos relvados se joga de tudo um pouco, desde badmington ao disco, passando pelo clássico futebol americano, ou o forasteiro soccer.
Central Park... Nova York não é só prédios, mas é difícil eles desaparecerem por completo.
Midtown vista de Central Park.

NY - Epílogo

Fartei-me de aqui escrever, e tenho a sensação que não transmiti bem aquilo que quero. Porque NY vale mais pelo passear nas ruas despreocupadamente, entrar numa mercearia, num café, falar com um estranho, ir a uma loja de discos em segunda mão, simplesmente deixar-se levar pela cidade, do que ir num espirito turístico de querer ir ás capelinhas todas que os guias nos impingem. E é aí que as cidades, algumas, ganham uma dimensão para lá da sua existência física. Como Praga ou Barcelona. Pelo meio ficam as pessoas que fui conhecendo, as imagens que me ficarão gravadas na memória, o ambiente das ruas, o seu barulho, as luzes, os sons, os momentos, e a grande vontade de lá voltar.

Monday, June 06, 2005

Fui à capital ...

Não tenho dado muitas notícias, não por falta de acontecimentos, mas mais por falta de tempo e excesso de informação. Há duas semanas atrás rumei á capital deste tasco, Washington DC. Ali, pude ter o meu primeiro contacto com a East Coast, e visitar os meus amigos Rui e Fred. Pelo caminho, registo o sobrevoar do Grand Canyon, que mesmo a 30.000 pés de altitude consegue ser imponente e deslumbrante. Em princípio não faltará muito para que o veja mais de perto. Também o sobrevoar do estado do Colorado foi bastante agradável, onde imensas cordilheiras de cadeias montanhosas com picos brancos davam um colorido interessante á paisagem. Aterramos na capital do Colorado, Denver, onde se podia ver uma imensa planície onde se estendia a cidade, e montanhas gigantes a rodeá-la. Fiquei com a ideia de que o Colorado seria um estado interessante para visitar, pelo menos em termos de beleza natural, e o mesmo me foi confirmado pelo senhor que se sentou ao meu lado a caminho de Washington. Na parte final do voo foi-nos pedido que não saísse-mos do lugar nos últimos 30 minutos de voo por razões de segurança, sob pena do avião ter que adoptar uma rota de emergência. Tive uma vontade subversiva de ir a casa de banho de repente… Mas ok … Havia quem me esperasse no aeroporto.
Em Washington fui recebido pelos locais, na sua bela casa senhorial de início de século XX, remodelada a preceito, e bem protegida pelas inúmeras armadilhas colantes anti ratos. Tanto tinha ouvido falar mal de Washington, principalmente pela boca do Fred, que a verdade é que até fiquei bem impressionado. Realmente o centro da cidade é uma seca. Descendo a rua 16, chegamos a Pensilvania Avenue, onde vemos o 1600 da dita rua, a Casa Branca. Tira-se a fotografia da praxe, tem-se pensamentos transviados (e se agora …), e segue-se para as outras capelinhas. Virando à esquerda, seguindo por New York Avenue, chego ao Banco Inter-americano de Desenvolvimento, onde o Rui trabalha, e desço até chegar a uma praça qualquer. Entretanto já fui abordado umas 6 vezes para salvar o mundo de diversas ameaças: armas nucleares, camada de ozono, perfurações de petróleo no Alasca, e por aí fora. Volto a entrar na Pensilvania Avenue, onde se vêm uns edifícios frios e cinzentos, um ou outro algo interessantes, e ao fundo vislumbramos o Capitólio. O objectivo era chegar ao The Mall, uma avenida que se atravessa perpendicular à Casa Branca, por trás desta, e onde se encontram os principais museus da cidade, como todos os Smithsonians, o Museu de Arte, o Museu do Espaço, o Museu dos Índios Americanos, entre outros. Numa ponta dessa avenida temos o Capitólio, a meio o famoso Oblísquo, que julgo eu marca o centro da cidade e que se enquadra com a Casa Branca, e na outra ponta o Lincoln Memorial. É um passeio que se faz bem, embora se ande bastante. Tem interesse, mas pouca alma. Vê-se, fica-se com a sensação de dever cumprido, vai-se beber uma cerveja, e não se pensa mais nisso. É uma cidade com pouca vida, principalmente no centro. Isto deve-se a ser uma cidade principalmente de serviços, bancos e instituições federais e governamentais. As pessoas optam antes por viver nos estados adjacentes, que ficam a poucos minutos de metro. O ambiente da cidade é muito mais formal do que na Califórnia (também não é difícil), muita gente de fato e gravata, onde um West Coaster como eu se sentiu um bocado à parte com a sua sapatilha Adidas e a T-shirt casual. No entanto, como disse antes, eu gostei da cidade. Dois bairros fora dos roteiros dos monumentos ficaram-me na retina: Georgetown e Adams Morgan. Georgetown é um bairro bem da cidade, com inúmeras lojas, bares, resbs, casas antigas castiças, e bastante movimento. O centro morre fora das horas de trabalho, e onde se deve procurar gente e animação é por aqui. Adam’s Morgan é um bocado do género, com casas num estilo britânico de início do Século XX, muitos bares e restaurantes, sendo menos arranjado e menos formal que Georgetown, é também um local muito interessante. Passei também pela zona da Universidade, por Waterfront junto ao rio, e fomos ainda a Alexandria, uma pequena localidade no Estado da Virgínia, ao alcance de 20 minutos de metro. Alexandria é uma vila engraçada, com casas antigas e coloridas, lojas, e uma zona ribeirinha acolhedora, onde se podem dar passeios de barco, e onde pude ver um exemplar a lembrar as aventuras do Tom Sawyer. Mas do que eu mais gostei em Washington foi de … sair à noite! Não sei se terá sido por ter a companhia de dois amigos sempre prontos para a borga, mas realmente diverti-me imenso. A noite pareceu-me mais sofisticada, com mais nível, bares mais bem decorados, e com algo mais que loiras e havaianas. As duas noites passaram-se em Dupont Circle, uma zona onde existem varios bares “in” de Washington, e onde pude beber uma Super Bock fresquinha no Citron, um bar engraçado e bem frequentado. Que festa! Foi uma risota pegada, a interacção com a população local foi interessante, e no fim só tive pena de não poder ficar mais um bocadinho, e já agora de não saber dançar Salsa (private joke) … Washington está vista. Só lá volto se for para mais umas noites de borga com o Rui e o Fred, e com quem mais se quiser juntar…


Em Denver � espera do meu avi�o ... a imensa planicie e ao fundo as montanhas.  Posted by Hello


Adams Morgan Posted by Hello


1600 Pensilvania Avenue Posted by Hello